Após polêmica com movimento negro, vereador do RS diz que raça está sendo “apurada”

“Kanelão” afirmou que é contra cotas porque não há discriminação racial no Brasil

 Érica Saboya, do R7

Em seu sétimo mandato como vereador de Rio Grande (RS), Wilson B. Duarte da Silva (PMDB), conhecido como “Kanelão”, se envolveu em polêmica com uma liderança do movimento negro nesta semana. Ele foi acusado de fazer discurso racista no plenário da casa legislativa durante votação do projeto que reserva de 20% das vagas em concursos públicos do município para negros.

Procurado pelo R7, “Kanelão” negou qualquer tipo de discriminação racial e afirmou que é contra as cotas porque negros e brancos já têm direitos iguais no Brasil. O vereador também tentou explicar sua declaração de que os negros não precisam de privilégios porque “já estão quase brancos”.

— Eu tenho assessores negros. Por que eu seria racista? Eu tenho 28 anos como vereador e mais de 50% dos meus eleitores são negros […] Os negros estão pegando as brancas e as brancas estão pegando os negros. Se existe essa mistura, obviamente que não vai ser tão ter negro, né? Cada vez vai apurando mais a raça, vão ficando brancos. Os direitos são iguais.

Um dos coordenadores do movimento Quilombo Raça e Classe, Jailton de Freitas Neves publicou um artigo no jornal Agora afirmando que o vereador “causou repúdio a todos presentes” ao afirmar, entre outras coisas, que os negros estariam até comendo em restaurantes. “Kanelão” nega a declaração e diz que vai processar Neves.

— Eu estou processando o cidadão que botou isso no jornal. Seria uma pobreza de espírito, uma falta de respeito e um amadorismo da minha parte se eu fizesse isso, correto? O Jailton é um cidadão que é partidário do PSTU. Ele é totalmente tendencioso. Fez isso exatamente para denegrir minha imagem.

O PLE-114/2014, que prevê as cotas no serviço público municipal, foi aprovado nesta segunda-feira (4), com 18 votos favoráveis. O vereador, que já foi presidente da Câmara por três vezes, disse que agora vai propor um novo projeto para estabelecer as cotas sociais.

— A cota social é mais justa. Aquele neguinho lá da vila, filho de pai pobre, está desigual com o filho de pai rico, que vai pagar um curso para concorrer em um concurso.

Confrontado com números que apontam desigualdade nas condições de vida da população negra com relação à branca, “Kanelão” disse desconhecer essa realidade.

Fonte: R7 

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