Após recomendação do MP, Faculdade de Medicina da USP suspende ‘Show Medicina’

Promotoras pediram abertura de sindicância interna na universidade e questionaram concessão de autorização para realização do evento

por Rodrigo Gomes, da RBA

São Paulo – O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), José Otávio Costa Auler Júnior, determinou a suspensão da realização do 73º Show Medicina, nas dependências da instituição, “até que as recomendações do Ministério Público sejam atendidas”. A decisão atende à recomendação das promotoras Beatriz Helena Budin Fonseca, de Direitos Humanos, e Silvia Chakian de Toledo Santos, da coordenadoria de Violência Contra a Mulher, do Ministério Público paulista, realizada ontem (31), e foi comunicada por meio de nota.

O MP investiga denúncias de trotes violentos, castigos físicos, humilhações e discriminação de gênero praticados por integrantes da Associação Cultural Show Medicina durante a organização e a realização dos eventos anteriores.

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As promotoras pediram a abertura de sindicância interna na FMUSP para apurar os fatos relatados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de São Paulo que investigou denúncias de estupro e violações de direitos humanos na universidade. “Tais fatos não são devidamente apurados e coibidos pela Diretoria da Faculdade”, afirmou a promotora Beatriz.

O documento enviado pelo MP questionava o diretor quanto à concessão de Termo de Autorização de Uso do Teatro e de Anfiteatros da unidade de ensino para que a Associação Cultural Show Medicina realizasse o evento.

“A permissão de uso foi concedida sem qualquer apuração dos fatos constatados no relatório da Alesp e sem a garantia da efetiva modificação da cultura de violência praticada pelo grupo, consistente na prática de violência física, moral e sexual, bem como na imposição da submissão e humilhação àqueles que pretendem integrar a associação. É certo, ainda, que a discriminação de gênero praticada pela associação reforça a violência que vem sendo praticada contra a mulher nas dependências da faculdade”, defendem as promotoras.

O MP também recomendou que a associação realize a seleção de integrantes de forma aberta, com igualdade para participação feminina e que nenhuma atividade seja caracterizada por violência, trotes humilhantes, assédio moral ou sexual.

Segundo a apuração da CPI, para integrar o Show Medicina, os interessados passam por um ritual composto de trotes violentos e humilhantes, “com forte assédio moral, sexual, além de violência física e noitadas com prostitutas nas dependências da universidade”.

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