Aracaju sedia I Fórum Consulta: Jovens Afro-descendentes e Indígenas de Sergipe

 

 

Durante todo o dia da próxima sexta-feira, 3 de julho, Aracaju sedia o “I Fórum Consulta: Jovens Afro-descendentes e Indígenas de Sergipe – Para uma experiência do empoderamento”, coordenado pelo Instituto de Desenvolvimento e Paz da Universidade Federal de Sergipe (IIDENPAZ-BRASIL), em parceria com o mandato popular da vereadora professora Rosangela Santana (PT). O evento, que acontece à rua Gonçalo Prado Rollemberg, nº 901, bairro São José, contará com a participação de 35 jovens líderes de comunidades indígenas e afro-descendentes, que irão aprender estratégias e formas de diminuir a exclusão social e econômica de seus grupos de origem.

 

Idealizado pelo cientista político espanhol Francisco Espinoza, que está no Brasil realizando pesquisas para o seu Doutorado na Universidade de Deusto (Espanha), o Fórum consultivo, além de divulgar ferramentas e experiências de empoderamento, algo que já é realizado em países desenvolvidos, também é destinado a conhecer a situação socioeconômica, política e cultural dos povos afros-descendentes e Indígenas de Sergipe, mediante os relatos dos próprios atores envolvidos”, detalha o pesquisador. Essas duas frentes de atuação irão tornar possível a definição de ações coletivas e concretas nessas comunidades diretamente atingidas pela escravidão e pela colonização portuguesa e espanhola, principalmente.

 

“Num primeiro momento, queremos identificá-los, saber o que eles desejam e tentar ensiná-los a alcançar esses objetivos. Depois, num segundo momento, iremos nos focar em capacitá-los para o empreendedorismo”, detalhou Francisco Espinoza. Dessa forma, os jovens conhecerão sistemas como o do Comércio Justo, um dos pilares da sustentabilidade econômica e ecológica no mundo. Esse tipo de comércio surgiu nos anos 60 e tem como principal característica erradicar a figura do intermediador. Nele, produtores e consumidores se relacionam diretamente, fixando preços justos, que condizem com os esforços e instrumentos empregados pelos primeiros. “Vamos abrir uma janela de oportunidades para eles”, definiu.

 

Outra grande oportunidade será aberta aos jovens com a ponte que será criada entre eles e a ONG internacional The Canadian International Development Agency – (CIDA), que tem a missão de apoiar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento com o objetivo de reduzir a pobreza e contribuir para um mundo mais seguro, eqüitativo e próspero. O Fórum Consultivo aborda ainda temáticas como a realidade cultural e o resgate das identidades dos afro-descendentes e indígenas; análises do contexto socioeconômico e Político de Sergipe; papel protagônico da juventude afro-descendente e indígena de Sergipe no atual contexto social, político, econômico e cultural “para uma experiência de Empoderamento”.


Observação externa

 

Por incrível que possa parecer, o pesquisador Francisco Espinoza, de 36 anos, que já percorreu 8 países de matriz indígena, informa que as características das populações afro-descendentes e indígenas são praticamente as mesmas. “Já conheci bastante aqui em Sergipe. Capela, Propriá… Em Ilha das Flores passei uma semana inteira, por exemplo, e, incrivelmente, as características são muito semelhantes, inclusive os trabalhos promovidos pelos grupos”, comentou. Por fim, o cientista político deixou claro que o Fórum não tem qualquer intenção de vitimar os públicos-alvo. “O que queremos é igualdade de condições”.

 

PROGRAMAÇÃO DO EVENTO

Data: 03 de Julho de 2009

07:30 – Credenciamento

08:00 – Abertura com a Vereadora Rosangela Santana

08:20 – Esclarecimentos com Elda Rivero

09:00 – Palestra com o cientista político Francisco Espinoza

10:30 – Lanche da Manhã

10:45 – Mesa de trabalhos

12:00 – Almoço

13:15 – Palestra com o Coronel Antônio dos Santos

14:30 – Palestra com o sociólogo Florival Filho

15:30 – Mesa de Trabalho

16:30 – Encerramento com lanche da tarde

Mais informações podem ser obtidas com:

*Vereadora professora Rosangela Santana – 88336504

*Assistente Social do Mandato da vereadora Rosangela, Daiane Passos – 81551152

*Cientista Político Francisco Espinoza – 9192-9172

 

DADOS


Hoje, no Brasil, vivem cerca de 460 mil índios, distribuídos entre 225 sociedades indígenas, que perfazem cerca de 0,25% da população brasileira. Cabe esclarecer que esse dado populacional considera tão somente aqueles indígenas que vivem em aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. Há, também, 63 referências a índios ainda não contatados, além de existirem grupos que estão requerendo o reconhecimento de sua condição indígena junto ao órgão federal indigenista. Grupos indígenas em Sergipe: 310 – Xocós.

 

Estima-se que cerca de 1.300 línguas indígenas diferentes eram faladas no Brasil há 500 anos. Hoje são 180, número que exclui aquelas faladas pelos índios isolados, uma vez que eles não estão em contato com a sociedade brasileira e suas línguas ainda não puderam ser estudadas e conhecidas.

 

Por outro lado, os negros auto-declarados compõem 6,3% da população brasileira, somando cerca de 11 milhões de indivíduos. Estão espalhados por todo o território brasileiro, embora a maior proporcionalidade esteja no Nordeste. Consideram-se negros todos os descendentes dos povos africanos trazidos para o Brasil e que têm o fenótipo característico africano.

 

Matéria original: Aracaju sedia I Fórum Consulta: Jovens Afro-descendentes e Indígenas de Sergipe

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