A arte feminista de Barbara Krunger

“A obra da artista gráfica Barbara Krunger se lança contra o poder manipulador dos meios de comunicação, o consumismo, os postulados do machismo e os estereótipos sexistas”. Referência: Tu vida fuera del eslogan.

por: Priscilla Caroline

Nascida em Nova Jersey em 1945, Barbara dedicou sua obra à arte conceitual que remete à linguagem da publicidade para questioná-la. Assim como Andy Warhol e outros contemporâneos seus, Krunger trabalhou em revistas e esse contato a inspirou a usar esta mesma linguagem para elaborar uma crítica e criar novos significados.

A fase mais madura de Barbara Krunger acontece na década de 1980, quando ela cria sua obras mais conhecidas: colagens fotográficas em preto e branco, cobertas com um slogan em letras brancas sobre tarjas vermelhas e o uso frequente de pronomes pessoais e possessivos como“you”/”your” (você, seu), “I” (eu), um conjunto que remete aos slogans publicitários. A fotografia é, nesse caso, o atrativo visual da obra. O texto, contudo, inverte o que ela coloca e questiona a mensagem assumida a priori. E a mensagem é sempre feminista, afinada à crítica de que a nossa sociedade, capitalista e patriarcal, objetifica as mulheres.

Como uma ironia, as obras se tornam um convite ao ativismo. Segundo a Revista Pikara,“desmontando o estereótipo como a forma fundamental de submição na ordem patriarcal, Barbara começou a incitar a capacidade de transformação social das mulheres do seu tempo”. E era essa mesmo a ideia. Barbara Krunger foi militante feminista e teve influência de estudos sobre a influência dos signos na nossa sociedade e sobre a iconografia das imagens da mulher.

“Your body is a battleground” (O seu corpo é um campo de batalha), por exemplo, é dedicada à luta pela legalização do aborto. Nela, estão conjugadas a preocupação com a construção da identidade feminina com o tema do direito ao próprio corpo diante das imposições do patriarcado, preocupação constante de sua obra.

A partir dos anos 1990, Barbara Kruger incorporou as esculturas ao seu projeto artivista de crítica à cultura moderna. E mais recentemente, tem criado instalações tanto em museus e galerias como em estações de trem, parques, e outros lugares públicos. “Justice” (Justiça), obra de 1997, é feita com fibras de vidro pintadas de branco, e retrata J. Edgar Hoover e Roy cohn, duas figuras públicas de direita que esconderam sua homossexualidade, se beijando. Para Barbara, eles só puderam acumular poder político por causa da “conspiração de silêncio” conservadora que envolveu suas sexualidades.

 

 

Fonte: Blogueiras Feministas 

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