As denúncias de violações de direitos humanos na Terra Indígena Yanomami

Enviado por / FonteEcoa, por Anielle Franco

Semana passada foi lançado o relatório “Yanomami Sob Ataque: Garimpo Ilegal na Terra Indígena Yanomami e propostas para combatê-lo”. Alguns de nós já conhecemos os principais danos ao meio ambiente que o garimpo causa, como o desmatamento e a poluição de rios. Mas hoje resolvi trazer esse tema aqui porque é primordial viabilizar o terror imposto a comunidades indígenas, prestar nossa solidariedade e também lembrar desta questão na hora de apertar os números na urna em outubro, é claro!

Ao ler os relatos, foi impossível não ser atravessada por profunda indignação e revolta. O levantamento mencionado descortina uma situação esterrecedora, descrevendo a evolução do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami (TIY) em 2021. O cenário de aumento de mais de 3.350% do garimpo nos últimos anos na região é gravíssimo, e, para além disso, a presença do garimpo vem atrelada a diversas violações de direitos humanos contra este povo, segundo a Hutukara Associação Yanomami, organização que realizou o relatório.

Garimpo ilegal nas terras indígenas Yanomami, em Roraima (Imagem: Chico Batata / Greenpeace)

Os depoimentos trazem denúncias de crianças e jovens yanomamis, mencionam estupros, assédios sexuais, explosão de casos de doenças infectocontagiosas, como a malária, outros tipos de violência e até mesmo mortes. Um contexto de trajetórias interrompidas, de crise sanitária, de comunidades sendo submetidas a múltiplas dimensões de violência, como, por exemplo, garimpeiros embebedarem mulheres indígenas e, após isso, violentá-las. Penso na saúde dessas crianças e jovens. Penso quantas dessas crianças devem ter a idade das minhas filhas, Mariah e Eloah, e não precisariam passar por isso se o Estado cumprisse seu papel.

O Estado brasileiro deveria ser guardião das terras indígenas. Este desgoverno vem, na verdade, como todos os jornais noticiam todo dia, estimulando o garimpo para atender aos interesses dos empresários, que financiam esta atividade ilegal na Floresta Amazônica. As medidas adotadas pelo governo federal representam um ataque ao meio ambiente, aprofundamento das condições de trabalho análogas à escravidão e um desrespeito aos povos tradicionais que desde antes do pretenso “descobrimento” do Brasil já viviam nesses territórios da América Latina. A própria ONU denuncia ataques de Bolsonaro aos indígenas e aponta violação de tratados internacionais.

O fato é que é necessário ter vontade política para mudar essa triste realidade! Precisamos manter acesas as chamas da esperança e lutar! Lutar sabendo que não aceitar esses modelos de exploração de morte impostos é ter esperança de que é possível mudar o Brasil. A justiça para tantos povos indígenas que sofrem diversas formas de violação de direitos humanos, que lutam pelo direito à Terra, pelo direito de existir, de viver e viver bem é urgente! Que ecoemos os seus brados pela demarcação de suas terras e pelo fim da violência contra os povos da floresta!

+ sobre o tema

Câncer de próstata pode ser sexualmente transmissível, segundo especialistas

Por:Correiodobrasil De acordo com um grupo de cientistas norte-americanos, o câncer...

Domésticas terão adicional noturno de 20% sob o valor da hora de trabalho

Proposta de regulamentação em estudo no governo amplia parcelas...

Brasil prepara lançamento de satélite para levar banda larga ao país inteiro

Anúncio foi feito nesta quarta (28) pelo ministro da...

Jovem revela como impediu um linchamento no Rio de Janeiro

“Uma das experiências mais aterrorizantes da minha vida. Eu...

para lembrar

Doença falciforme é tema de audiência que o Senado realiza nesta manhã

Acontece neste momento, na sala 9 da Ala Alexandre...

O tiro no pé das entidades médicas: A imagem de elitistas e corporativistas

Rechaçar programa do governo, sem propor alternativas, evidenciou dilemas...

Sakamoto: “Trabalho escravo não é um desvio, mas uma ferramenta do sistema”

Jornalista lança obra em que analisa escravidão contemporânea Há 16...
spot_imgspot_img

Carta da presidência da COP30 não cita racismo ambiental e afrodescendentes

A Carta da presidência da COP30 enviada à comunidade internacional nesta segunda-feira, 10 de março, pelo presidente da COP30, o brasileiro André Corrêa do...

Mais de 2 mil mulheres foram libertadas do trabalho escravo desde 2003

AOS 62 ANOS, Cida* trabalhava como cozinheira em uma frente de desmatamento de floresta nativa em uma fazenda em Pimenta Bueno (RO). Durante seis meses,...

Organizações chamam atenção para a relação entre violações de direitos humanos e combustíveis fósseis

Um grupo de organizações da sociedade civil enviou um documento à ONU denunciando os impactos de uma economia baseada em combustíveis fósseis sobre os...
-+=