Ativistas negras da América Latina alertam para avanço do racismo no mundo

Em Salvador para o Fórum Permanente de Mulheres Negras, ativistas de diferentes partes da América Latina defenderam a realização no futuro de um encontro global sobre os desafios enfrentados pelas afrodescendentes. Para militantes, a discriminação está avançando, o que torna necessário novas articulações entre os movimentos feministas. Evento na Bahia teve apoio da ONU Mulheres.

no ONU BR

Paola Yañez, integrante da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afrocaribenhas e da Diáspora. Foto: ONU Mulheres/Isabel Clavelin

 

Em Salvador para o Fórum Permanente de Mulheres Negras, ativistas de diferentes partes da América Latina defenderam a realização no futuro de um encontro global sobre os desafios enfrentados pelas afrodescendentes. Para militantes, a discriminação está avançando, o que torna necessário novas articulações entre os movimentos feministas. Evento na Bahia teve apoio da ONU Mulheres.

“Estamos num momento em que a violência racial está se expressando com muita força e está calando muitas vozes”, avaliou a boliviana Paola Yañez, que faz parte da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas, Afrocaribenhas e da Diáspora.

“Por isso, é tão importante que nos reunamos e passemos a falar não só de agenda, mas também de estratégia para responder ao racismo atual, que é diferente do racismo há 10 anos. É um outro momento e devemos enfrentar isso. Em razão disso, é importante chegar a um encontro global de mulheres negras para dialogar sobre esses temas.”

Entre as participantes do Fórum Permanente, estava a afro-cubana Zaylin Powell Castro, doutoranda do Programa Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Integrante da Rede Africanidades, que estuda religiosidades de matriz africana, a pesquisadora afirmou que o debate sobre racismo em seu país de origem ainda é velado e interditado.

“Existe um imaginário de que Cuba, ao ser o primeiro país socialista nas Américas, não pode falar sobre problemáticas sociais que rompam com esse sonho construído. Então, se nega a existência do racismo”, criticou.

Também presente, a uruguaia Vicenta Camuso, defendeu o fim das desigualdades particulares vividas por quem é mulher e afrodescendente. “Para que ninguém fique para trás, nós, mulheres negras, não podemos ficar no mesmo lugar”, afirmou.

O Fórum Permanente de Mulheres Negras ocorreu nos dias 14 e 15 de março, durante as atividades do Fórum Social Mundial 2018. O encontro de ativistas afrodescendentes foi realizado por instituições que organizam a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo e a Violência e pelo Bem Viver, incluindo o Comitê Mulheres Negras Rumo a um Planeta 50-50 em 2030 e a Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras. Com o apoio da ONU Mulheres Brasil e da Embaixada do Reino dos Países Baixos, atividades fizeram parte das iniciativas promovidas para lembrar o Dia da Mulher ao longo de todo o mês de março.

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