5 filmes dirigidos por cineastas pretas

O ano é 1940. Entre as indicadas ao Oscar de melhor atriz coadjuvante está Hattie Mcdaniel, por sua interpretação em “… E o Vento Levou”. Nessa noite, Hattie levou a sua primeira e única estatueta, se tornando a primeira negra a ganhar o prêmio na categoria. A vitória até hoje é resultado de celebração. No entanto, é nítido que a sua apresentação nas telas foi por um estereótipo de raça e cor.

Do Frames

Durante anos mulheres negras lutaram para aprofundar sua participação na indústria cinematográfica. São por pesquisas como a da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), que a dificuldade de quebrar tais ideias se destaca. Atrizes pretas e pardas representam apenas 4,4% do elenco principal de filmes nacionais. E apesar de representarem a maior parte da população feminina do país (51,7%), as mulheres negras apareceram em menos de dois filmes a cada dez que foram produzidos entre 2002 e 2012.

Outro ponto crítico nessa realidade é que quase sempre essas mulheres representam personagens carregadas de estereótipos de inferiorização. Quase anulando, consequentemente, o efeito de sua representatividade. Mas, como quebrar um ciclo como esse? Para a cineasta Larissa Lima, a melhor forma de mudar o cenário é por meio da inserção de profissionais que possuem consigo propriedade para descrever protagonistas negras nas telas.

Na prática, diretoras como Yasmin Thayná, Viviane Ferreira e Dee Rees conseguiram fugir da ideia erroneamente projetada, e assumiram a responsabilidade de contar histórias reais e profundas, repletas de significados. Histórias que além de entreter, reeducam a visão e o conceito de muitos sobre elas.

Confira o trabalho de 5 diretoras pretas que apresentam a real face da mulher negra.

 

Kbela, 2015

Direção: Yasmim Thayná

Divulgação/Kbela

A inspiração para este curta-metragem, produzido em 2015, veio de um conto escrito por Yasmim Thayná. Entre as linhas, ela relata o processo de descobrir-se negra e de “assumir” os fios crespos.  A história de rejeição ao próprio cabelo inspirou diversas pessoas durante a publicação na Feira Literária das Periferias e em sua encenação no Festival Home Theatre. Como consequência, nasceu a vontade de transformar esse trabalho em algo maior.

Com um coletivo de amigos, a cineasta abriu uma chamada nas redes sociais. Após mais de 100 e-mails, um teste de elenco foi realizado. Mulheres de todo o Brasil foram selecionadas e com um orçamento limitado a R$ 5 mil o curta foi produzido. Já na estreia, a produção lotou todas as sessões.

 

O Dia de Jerusa, 2014

Direção: Viviane Ferreira

Divulgação/O Dia de Jerusa

Jerusa está prestes a completar seus 77 anos e, como de se esperar, se mantém ocupada com os preparativos para a celebração. Tudo parecia normal, até o momento em que abre as portas para uma pesquisadora de opinião. Com uma proposta simples, o filme, dirigido e escrito por Viviane, propõe uma análise sobre a solidão da velhice de uma protagonista negra.

 

Rainha, 2016

Direção: Sabrina Fidalgo

Trabalhos cinematográficos com a temática carnavalesca não são novidade. No entanto, se analisá-los, é fácil perceber que todos trazem o mesmo ponto de vista sobre a mulher negra. Em seu sexta curta-metragem, Sabrina assume o desafio de mudar o ponto de vista dessas histórias. Com a narrativa de uma jovem que luta pelo sonho de ser Rainha de Bateria de sua comunidade, ela joga em debate os estereótipos sobrepostos sobre o corpo negro feminino na festa mais popular do Brasil.

 

Cores e Botas, 2011

Direção:  Juliana Vicente

Divulgação/Cores e Botas

Que menina dos anos 80 não sonhou em ser paquita da Xuxa? A febre das botas brancas e das longas madeixas loiras fez que diversas jovens imaginassem o seu futuro ao lado da rainha dos baixinhos. No entanto, o que fazer quando a sua pele e seu cabelo não condizem com o padrão dessas personagens? É com essa pergunta que nasce o drama de Joanna. Uma menina negra, pertencente a uma família de classe média alta, que, aparentemente, acredita que conseguirá vencer essas barreiras para alcançar o seu sonho.

 

Pariah, 2011

Direção: Dee Rees

Esse é o único longa-metragem e trabalho internacional da lista. Com uma história repleta de nuances íntimas, Dee Rees apresenta a história de uma adolescente que enfrenta diversos problemas para alguém da sua idade. Inserida em uma realidade um tanto quanto conservadora, Alike terá que escolher se deve expressar sua sexualidade abertamente ou viver de acordo com os planos de seus pais.

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