Ativistas querem mais acesso da periferia a verbas e espaços culturais

 

Encontro, que começa nesta sexta no Memorial da América Latina, debate propostas e elege delegados para etapa estadual

São Paulo – A democratização das verbas e dos espaços culturais deve dominar as discussões da Conferência Municipal de Cultura de São Paulo, cuja abertura ocorre hoje (2) à noite na Praça das Artes, centro da cidade. O encontro tira propostas e elege delegados para a etapa estadual, marcada para setembro. O prefeito Fernando Haddad (PT) e seu secretário de Cultura, Juca Ferreira, participam da abertura.

Independentemente da área em que atuam, os ativistas convergem as propostas em democratizar a destinação de verbas da área, com apoio a quem não está na cena comercial, na valorização dos grupos que atuam nas periferias e na democratização da gestão de equipamentos públicos.

Também serão debatidos, entre outros temas, o Plano Municipal do setor, a criação de um Fundo específico e o retorno da coordenação das casas de cultura para a Secretaria, com gestão compartilhada pela subprefeituras.

Uma das preocupações do participantes é com a efetivação das propostas. O ativista cultural Thiago Vinícius, da Agência Popular Solano Trindade, destaca que nas outras conferências, em 2004 e 2009, muito se discutiu, mas pouco foi posto em prática.

“Mais do que a conferência em si, o importante é tirar do papel aquilo que se define como proposta”, avalia. Vinícius manifesta disposição em lutar pela efetivação das definições da conferência. “A gente já lutou para conseguir água e luz na nossa região, agora vamos lutar por políticas de cultura”, afirma.

Para o ativista, o poder público deve divulgar mais este tipo de iniciativa.“Na conferência regional da zona sul, no último sábado (27), havia 90 pessoas. Não é normal em uma região com o tamanho da nossa”, pondera. Englobando cerca de 2,5 milhões de pessoas, a zona sul agrupa regiões como Campo Limpo, Grajaú e Capão Redondo, onde muitos grupos têm promovido um efervescente cena cultural nos últimos anos.

A diretora do Projeto de Dança Movimenta Brasil, Camila Andrade, espera que a conferência seja a coroação de todo o processo de diálogo iniciado em fevereiro deste ano pela gestão Haddad, com a série Existe Diálogo em SP.

“Queremos que este seja o momento de definir o que será posto em prática após todo esse tempo de discussões e que se comece a agir”, afirmou. Camila explica que desde fevereiro houve muitas reuniões com vários segmentos, propostas foram apresentadas e prioridades foram elencadas. “A ocupação dos espaços públicos, como praças e CEUs, deve ser a tônica das ações”, completa.

O grafiteiro e membro do movimento Cultura Z/L Vander Clementino Guedes também espera a efetivação de políticas, sobretudo na periferia.

“Há muitos grupos atuando nos extremos da cidade e que contam com pouco ou nenhum apoio. Será um grande avanço termos um plano que olhe para estes fazedores de cultura”, afirmou. O grupo de Vander reivindica a instalação de uma casa de cultura em Ermelino Matarazzo há quatro anos. “Temos esperança de que a luta tenha resultado no ano que vem e que seja um espaço participativo e democrático”, espera.

Para o membro do Fórum Hip Hop de São Paulo Rapper Pirata, um dos pontos principais é a discussão do Fundo Municipal.

“Seria um espaço mais democrático para os grupos acessarem, por meio de edital. O dinheiro público não pode funcionar como promoter, financiando artistas que estão consolidados, que têm público para consumir. É preciso incentivar e apoiar quem está fora da indústria cultural”, explica. Para ele, é preciso romper a ideia de que verba pública tem de ter retorno de investimento.

A 3ª conferência será realizada no Memorial da América Latina, na avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, na Barra Funda, próximo ao Metrô. Amanhã (3), as atividades começam às 8h. Haverá debates temáticos e apresentações artísticas de Danilo Moraes e Douglas Alonso, Andreia Dias e do Trio Metá Metá. No domingo (4), serão debatidas e votadas as propostas dos grupos temáticos e eleitos os delegados para a conferência estadual, em 11 e 12 de setembro. E haverá apresentação artística com o coletivo circense La Mínima e discotecagem com DJ Yellow P.

A etapa nacional ocorre entre 26 e 29 de novembro.

 

Fonte: Rede Brasil Atual

 

+ sobre o tema

Edson Cardoso, o Jacaré do É o Tchan, se firma como ator dramático

O baiano, que integra o programa 'Aventuras do Didi',...

Rapper angolano Malef ganha prémio em Festival Internacional de Hip Hop

O rapper Malef ganhou o prémio de melhor artista...

Olímpiadas 2012: Serena Williams na final após vitória arrasadora

A norte-americana Serena Williams está classificada para a final...

Mostra divulga produções artísticas da periferia de São Paulo

Por: Camila Maciel São Paulo – Cantar, recitar,...

para lembrar

Riquelme: ‘Paulinho é um Lampard negro’

Argentino do Boca Juniors rasgou elogios ao ex-corintiano e...

Spike Lee faz ‘vaquinha’ na Internet para financiar novo filme

Cineasta norte-americano pede ajuda aos internautas para arrecadar verba...

Nelson Triunfo: Ícone perdido da cultura black brasileira

Em um ensolarado fim de tarde de maio,...
spot_imgspot_img

Casa onde viveu Lélia Gonzalez recebe placa em sua homenagem

Neste sábado (30), a prefeitura do Rio de Janeiro e o Projeto Negro Muro lançam projeto relacionado à cultura da população negra. Imóveis de...

No Maranhão, o Bumba meu boi é brincadeira afro-indígena

O Bumba Meu Boi é uma das expressões culturais populares brasileiras mais conhecidas no território nacional. No Maranhão, esta manifestação cultural ganha grandes proporções...

“O batuque da caixa estremeceu”: Congado e a relação patrimonial

“Tum, tum-tum”, ouçam, na medida em que leem, o som percussivo que acompanha a seguinte canção congadeira: “Ô embala rei, rainha, eu também quero...
-+=