Fonte: Jornal ABC Repórter
Por George Garcia
O lutador de kung fú, Gustavo Campi Rodrigues, 18 anos, afro descendente com surdez profunda, chegou na última sexta-feira dos Estados Unidos, trazendo na bagagem uma medalha de ouro conquistada na modalidade Kati (exibição de técnica de luta) pela sua participação no Campeonato Mundial de Kung Fu, realizado em Baltimore. Competindo com atletas normais, ou seja, sem deficiência, Rodrigues fez sete apresentações individuais e venceu todas.
Gustavo, único surdo brasileiro a competir, viajou sem patrocinio, com outros atletas e tendo apenas o pai com seu pai como intérprete.
Gustavo é um exemplo de dedicação, estuda no período da manhã – está no 2º ano ensino médio no Colégio Santa Terezinha (Escola de surdos) em São Paulo – trabalha à tarde e sai correndo para sua Academia no Ipiranga, o templo Shaolim, retornando tarde da noite, de ônibus para sua casa em São Bernardo, segundo relatou a mãe Maria Emília Soares Campi, orgulhosa do filho. “Em 2007 ele também foi para os Estados Unidos e conquistou duas medalhas, uma prata e outra de bronze. No ano passado ele não pôde ir porque não conseguimos patrocínio e também não tínhamos recursos próprios. Aconteceu também que ele começou a trabalhar”.
Apesar desta maratona e de muitas dificuldades que um jovem surdo enfrenta, Gustavo vence a barreira do som com persistência. “Ele disse que mais importante do que a medalha foi ter conseguido competir com atletas ouvintes”, reproduziu Maria Emília, que avalia que com o esporte, ele se tornou mais autônomo, independente e seguro.
Matéria original: Atleta surdo volta dos EUA com medalha de ouro no Kung Fu