A atriz Erika Januza voltou a emocionar seus fãs, ao posar ao lado da mulher que foi inspiração para seu papel: a primeira juíza negra do RJ, Ivone Caetano
por Ed Blair no Em Tempo
Manaus – A novela “Do Outro Lado do Paraíso” caminha para sua reta final e um dos personagens que mais marcou a trama de Walcyr Carrasco foi o da juíza Raquel. Baseado em fatos reais, a ‘arte imitou a vida’ quando contou a história de uma moça negra, pobre, que sofreu racismo, mas deu a volta por cima, tornando-se a primeira negra juíza do Rio de Janeiro e, desde 2014, também entre as três primeiras afrodescendentes a ocupar o cargo de desembargadora do Brasil: Ivone Ferreira Caetano, 73 anos
Em sua conta no Instagram, Januza é só gratidão, tanto ao autor da novela das 9, quando a Dra. Ivone Caetano.
“Dentre tantas coisas a agradecer que meu trabalho vem me proporcionando, também está meu encontro e a generosidade de Dra. Ivone Caetano. Desembargadora, primeira juíza negra do Rio de Janeiro”, disse a atriz.
Segundo Januza, a juíza da vida real a recebeu, literalmente, de braços abertos desde o primeiro contato que ocorreu durante uma palestra da magistrada na Escola de Magistratura (Emerj). Depois, se reuniram na sede da Corregedoria e as trocas de mensagens no WhatsApp tornaram-se constantes.
“Uma mulher incrível, inteligentíssima, com uma força, uma postura. A representatividade em pessoa. Agradeço por dividir comigo, tão generosamente, experiências, memórias, pensamentos, estímulo, um pouquinho de sua história”, comentou.
Se, na novela, Raquel deixou o quilombo de Tocantins orgulhoso com seus feitos, imagina no Rio de Janeiro, a menina (filha de uma mãe que criou sozinha 11 filhos), ingressando na escola da magistratura aos 49 anos?
“Com certeza é grande inspiração não só de minha Raquel, mas de muitas e muitas que cruzam seu caminho! Podemos ser o que quisermos! Vá à luta!”, incentivou Januza.
Racismo na TV
Em recente entrevista ao Coletivo de Entidades Negras (CEN), a titular da Corregedoria Geral Unificada do Estado do Rio de Janeiro, desembargadora Ivone Caetano considerou que, temas como racismo e casos bem sucedidos de negros no Brasil, já poderiam ter vindo à tona há muitos anos. E elogiou a atuação de Erika Januza.
“Ela (Erika) aprendeu até os meus gestos. Erika é uma pessoa muito capaz. Só acho que, apesar de a Globo e o autor (Walcyr Carrasco) conduzirem bem, a denúncia do racismo e a exibição de pessoas negras bem sucedidas poderia ter sido há 20 anos”, considerou a desembargadora.