Audiência Pública e Ocupação das Lojas Americanas em Brasília

Militância Coordenada


A Audiência Pública sobre agressões sofridas por consumidores por parte de Vigilantes de supermercados e lojas de departamentos” foi um dos pontos mais fortes da Militância Educafro. A Educafro dividiu-se em dois grupos. Um compareceu na audiência pública no SENADO e o outro foi para as portas das Lojas Americanas, em Brasília.

No momento em que o Advogado das Lojas Americanas tentou transformar a vítima em réu, Frei David tomou a palavra e disse que estava telefonando para a Militância Educafro autorizando-a a ocupar as lojas Americanas de Brasília e lá dentro cantar o Hino Nacional, além de fazer uma forte panfletagem, contra as lojas orientando a negros e brancos conscientes a não comprarem nas Lojas Americanas.

Avisou que só iria suspender a ocupação se as Lojas Americanas aceitassem negociar com a vítima e demais entidades do movimento negro. Depois de 40 minutos de ocupação o Advogado da loja aceitou e marcou a negociação para o dia 15 de junho às 14 horas.

JORNAL DO SENADO

Edição de quarta-feira 01 de junho de 2011

COMISSÕES – CAS

Subcomissão discute agressões de vigilantes a consumidores

Polícia Federal ressalta que existe 1 milhão de vigilantes atuando na informalidade, sem treinamento

Durante mais de três horas, a Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social discutiu as agressões sofridas por consumidores por parte de vigilantes de supermercados e lojas de departamentos. Vários depoentes salientaram a necessidade de esses vigilantes estarem mais bem preparados para as relações com o público.

O ouvidor da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), Carlos Alberto de Souza e Silva Júnior, lembrou que as novas classes consumidoras são compostas, em sua maioria, de negros.

— Os negros passaram a consumir. Precisamos mudar o paradigma de que um negro dentro de uma loja é um suspeito de furto — afirmou o ouvidor, que disse ter sido seguido por um vigilante quando pesquisava produtos em uma filial das Lojas Americanas em Brasília.

A reunião da subcomissão — vinculada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) — foi dominada pelo caso de espancamento de Márcio Antonio de Souza em uma filial das Lojas Americanas de Campo Grande, no último 23 de abril. Suspeito do furto de dois ovos de páscoa, o consumidor foi espancado dentro da loja, pelo segurança Décio Garcia de Souza. Márcio teve o nariz quebrado e sequelas de audição, entre outros problemas. O caso está sendo investigado pela polícia.

O advogado das Lojas Americanas Silzomar Furtado de Mendonça Júnior disse que Márcio foi flagrado pelo segurança — que trabalha para uma empresa terceirizada — colocando ovos de páscoa em seu capacete. Disse que as Lojas Americanas reprovam qualquer tipo de agressão ou discriminação em suas lojas, mas que não considera o caso como racismo, já que a discriminação racial não foi citada no depoimento que Márcio prestou à polícia.

O ouvidor da Seppir convidou as Lojas Americanas e outras empresas a se adequarem ao Selo Pró-Equidade de Gênero e Raça, instituído pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

David Santos, diretor executivo da Educação e Cidadania para Afrodescendentes (Educafro), criticou a postura das Lojas Americanas, que tem se recusado, segundo ele, a discutir o assunto.

O advogado Dojival Vieira dos Santos lamentou a terceirização da segurança pública no Brasil. O coordenador-geral de Controle de Segurança Privada da Polícia Federal, Adelar Anderle, disse que o número de vigilantes cadastrados na PF chega a 2 milhões, dos quais 700 mil estão empregados. Mas alertou haver mais de 1 milhão trabalhando na informalidade, sem qualquer curso ou preparo.

Márcio Milan, vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados, afirmou que a entidade vem dando mais atenção à capacitação dos vigilantes desde o ano passado. José Boaventura Santos, presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes e Prestadores de Serviços, afirmou que os vigilantes devem ter um treinamento específico para o setor no qual atuam.

 

Fonte: Educafro

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