Bancos estão longe de abolir o racismo

Os dados do IBGE de 2010 apontam: pretos e pardos são mais da metade da população brasileira. No entanto, nos bancos, segundo a RAIS 2012 (Relatório Anual de Informações Sociais), eles são apenas 17,1% dos trabalhadores. Se forem contabilizados somente os pretos, sem os pardos, este percentual cai para 2,2%.Nos bancos privados, a diferença é ainda maior: são 80,7% de brancos e 16,5% de negros. “A abolição da escravatura não aboliu o racismo. E, os bancos, que tanto usam a responsabilidade social em suas propagandas, não adotam políticas de inclusão e de redução das desigualdades”, critica a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.

Os dados da RAIS, do Ministério do Trabalho e Emprego, mostram que, pelo contrário, os bancos estão cada vez mais brancos. Em 2012, por exemplo, os bancos públicos admitiram 4.552 negros (pretos e pardos) e 10.923 brancos, mais que o dobro. Nas empresas privadas, a diferença é ainda mais gritante: foram admitidos cinco vezes mais brancos do que negros: foram 4.364 pretos e pardos contra 19.923 brancos.

As informações também revelam que eles continuam ocupando os cargos inferiores. Como auxiliares de escritório, os negros são cerca de 30%; me funções de gerência, 14% e nas diretorias, apenas 4%.

Desigualdades – Embora o racismo esteja muito bem representado no sistema financeiro brasileiro, ele não é específico da categoria bancária. Segundo pesquisa divulgada no início de maio pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais, da UFRJ, o rendimento dos negros em fevereiro era 75,7% menor que os dos brancos. E a diferença tinha aumentado 1,4% em relação ao mês anterior.

As informações revelam, ainda, que o desemprego entre os negros é maior: para eles, a taxa foi de 5,8% e, para os brancos, de 4,5%. Também são eles as maiores vítimas da rotatividade no mercado de trabalho, com uma taxa 10,1% maior que a dos brancos.

No último dia 7, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, por unanimidade o projeto de lei que destina 20% das vagas em concursos públicos federais para afrodescendentes por um prazo de dez anos. O projeto inclui autarquias, empresas públicas e sociedades de economia mista controladas pela União. É o caso do Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNB.

Na última sexta-feira, 9, foi encerrado o 2º Censo da Diversidade, cujos resultados serão divulgados em breve pela Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). “Nossa expectativa é de que os resultados possam estimular a adoção de políticas de inclusão por parte do banco”, afirma Jaqueline.

13 de Maio – Neste 13 de maio, data da chamada “abolição da escravatura”, a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) reforça o mote “Vamos abolir a discriminação e promover a inclusão: Por mais contratações de negros e negras”, definido no 1º Fórum sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado em novembro de 2011, em Salvador.

A data lembra a assinatura da Lei Áurea em 1888 (125 anos atrás), que aboliu formalmente a escravidão de negros e negras no Brasil. Porém, não eliminou os preconceitos e as discriminações entre homens e mulheres, entre brancos e não brancos. “Por essa razão, o dia 13 de maio se configura como um momento importante para reflexão, denúncia, mobilização e luta contra todas as formas de manifestações de racismo”, salienta Andrea Vasconcellos, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT

Por: Fabiana Coelho / Seec-PE

 

Fonte: Bancários de Pernambuco

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