Os bancos oficiais do governo federal (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco do Nordeste) anunciaram nesta quarta-feira (14) que os empresários de Alagoas e Pernambuco que tiveram seus negócios destruídos pelas enchentes poderão ter empréstimos em condições especiais a partir desta quinta-feira (15).
O anúncio oficial foi feito em Maceió (AL) a empresários e representantes das 19 cidades atingidas por enchentes em Alagoas. Todos terão acesso imediato às linhas de financiamento no valor de R$ 1 bilhão, com juros reduzidos e carência para início do pagamento. Os recursos estão sendo repassados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As linhas de crédito disponíveis poderão ser utilizadas para investimentos, capital de giro e compra de equipamentos e máquinas.
Segundo o gerente regional da Caixa, Guido Palmeira, os empresários vão poder solicitar o crédito com juros de 5,5% ao ano -quando a taxa média dos empréstimos varia de 1,5% a 2% ao mês- e com um prazo de 24 meses para começar a pagar o valor pedido. Para quem solicitar até R$ 50 mil, a dívida poderá ser quitada em 10 anos, enquanto os valores acima do montante deverão ser pagos em seis anos.
“São juros muito baixos, menores inclusive que os da casa própria. É uma condição especial para esse empresário que perdeu tudo possa recomeçar a vida”, explicou, lembrando que duas agência móveis já estão instaladas em Rio Largo e Branquinha, onde devem permanecer por 90 dias.
A medida agradou aos empresários que participaram da reunião. Com 30 anos no ramo de mercados, o comerciante Bruno Teixeira, de Atalaia, perdeu toda a mercadoria e já planeja a reconstrução. “É muito importante esse recurso, e é importante também que todos os poderes públicos se engajem nessa recuperação de nós, comerciantes, porque só assim as cidades vão poder voltar à normalidade”, afirmou.
Informais ficam de fora
Presente à reunião, a prefeita de Branquinha, Renata Moraes, disse que a ajuda anunciada pode ser inócua, já que o crédito não vai chegar aos empresários informais. “Tem 180 estabelecimentos no meu município, mas apenas 12 têm registro formal. E como é que eles vão ter crédito?”, indagou, ressaltando que a situação enfrentada pelo seu município é a mesma das demais cidades atingidas pelas enchentes no Estado.
Responsável pelo plano de reconstrução de Alagoas, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Alagoas, Luiz Otávio Gomes, confirmou que o crédito não será liberado para quem não for legalmente registrado e tiver CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica).
“No caso deles, a MP ainda não atende, mas nós estamos até o final da semana tentando encontrar uma solução. Mas eu digo aos informais que aproveitem para se formalizar, que isso pode ser feito imediatamente por um computador”, ressaltou.
O superintendente do Banco do Nordeste em Alagoas, Expedito Neiva, afirmou que a não-liberação de créditos para empresários informais já está sendo discutida em Brasília. “A direção do banco e o Tesouro Nacional já estão cientes desse caso e estudam uma solução”, afirmou.
Fonte: UOL