Benício Del Toro aceita convite de Lula para projetos na África e América Latina

Depois de tomar café da manhã no sábado (18/09) com Dilma Rousseff, o ator porto-riquenho Benício del Toro aguardou pacientemente pelo encontro com o presidente Lula, previsto para ocorrer no camarim de um comício petista em Campinas (SP). Como os demais convidados para o ato, ficou sentado no lobby de um hotel, à espera do transporte que a todos levaria para o Largo do Rosário, centro do município.

O intérprete cinematográfico do Che ocupou o tempo dando autógrafos e tirando fotos ao lado de candidatos a governador, senador e deputado, além de seus familiares. Mais de três horas se passaram até que foi instalado em uma van e conduzido para o evento. O comboio só seguiu quando Lula se desocupou de suas atividades administrativas e reassumiu a liderança da campanha eleitoral do PT.

Del Toro ainda teve que aguardar o encerramento do comício. Dez mil eleitores acompanharam duas horas de discurso, concluídas com a intervenção do presidente. O ator, acomodado em uma sala privada ao lado do palanque, escutava com atenção os oradores e a reação do público.

Logo depois de falar aos presentes, cansado, Lula desceu uma pequena rampa para compartilhar alguns momentos com o ilustre convidado, presenciados com exclusividade por Opera Mundi. Del Toro estendeu a mão, algo formal, mas logo recebeu um abraço apertado. O presidente agradeceu sua presença e pôs-se a falar sobre um de seus assuntos preferidos nas últimas semanas: o que fará depois de deixar o governo.

Lula explicou a Del Toro que pretende empenhar parte de seu tempo no comando de uma instituição que se dedique a estudar os principais problemas da África e América Latina, trocar informações e ajudar na implantação de projetos para o combate à fome e à pobreza. “Nós fizemos muitas coisas nesses oitos anos, aqui no Brasil”, relatou o presidente. “Várias de nossas experiências podem ser úteis a outros povos. Pretendo divulgá-las e contribuir para sua internacionalização.”

O ator ouvia com atenção a explicação de Lula. Acabou surpreendido por um convite: “Eu preciso de gente como você ao meu lado, Benício”, emendou o brasileiro. “O apoio de artistas e intelectuais com o teu prestígio é muito importante para dar mais repercussão e popularidade a essas idéias. Quando terminar meu governo, vou te procurar para trabalharmos juntos.”

 

Del Toro, um pouco aturdido, pareceu emocionado. “De cabeza, presidente, de cabeza”, respondeu a Lula, utilizando gíria de seu país que significa adesão irrestrita a alguma idéia ou plano. “Estarei à disposição do senhor na hora em que me chamar.”

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Com timidez, pediu ao presidente que autografasse seu boné. Lula sorriu e atendeu o pedido, em uma cena inusitada. O ator aproveitou, ao se despedir, para presenteá-lo com uma cópia do filme Che. Cumprimentaram-se, prometendo novas conversas. Muitas fotos depois, Del Toro pode voltar à van que o levaria a São Paulo, de onde partiria para os Estados Unidos.

“Um estadista, com muita energia e carisma”, repetia o ator a quem lhe perguntava sobre o que tinha achado de Lula. “Quero trabalhar com ele, seus planos nada têm a ver com a politicagem tradicional.” O presidente também parecia satisfeito. “Del Toro é um homem simples, atencioso e disposto a ajudar o povo”, declarou à reportagem. “Não é sempre que grandes artistas têm essa disposição.”

Benício del Toro, que havia chegado a São Paulo no dia 15 de setembro, voou para Nova Iorque às 21h do dia 18. Antes de seus encontros com Dilma e Lula, visitou a escola nacional do MST e reuniu-se com cineastas no Rio de Janeiro. Ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante por Traffic (2001) e eleito o melhor ator no Festival de Cannes pelo papel de Ernesto Guevara (2009), partiu dizendo que, em breve, voltará ao Brasil.

 

 

Fonte: Opera Mundi

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