Brasil poderá acabar com ‘pobreza extrema’ em 2016, diz Ipea

Ipea projetou continuidade de ritmo de redução de pobreza e desigualdade.
Manter crescimento econômico e baixa inflação é desafio, aponta instituto

 

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta em estudo divulgado nesta terça-feira (12) que o Brasil poderá acabar com a “pobreza extrema” até 2016.

 

Segundo o documento, o país tem a chance de “praticamente superar” o problema e de melhorar seu índice de desigualdade de renda, atingindo níveis próximos aos de países desenvolvidos.

 

A estimativa foi feita com base no desempenho brasileiro alcançado recentemente na redução desses indicadores. Para que a projeção se concretize, segundo o Ipea, é preciso que o ritmo de diminuição da pobreza e desigualdade dos últimos cinco anos seja mantido.

 

Editoria de Arte / G1

Pobreza extrema e pobreza absoluta

De acordo com o instituto, o conceito de pobreza extrema é caracterizado pela população com renda per capita de até um quarto de salário mínimo. Entre 1995 e 2008, a queda média anual na taxa nacional de pobreza extrema foi de 0,8% ao ano. Já entre 2003 e 2008, a redução por ano, em média, subiu para 2,1%.

Já a pobreza absoluta se refere a quem recebe até meio salário mínimo per capita ao mês. Esse indicador também vem caindo: 0.9% ao ano, entre 1995 e 2008, e 3,1% ao ano, entre 2003 e 2008. De acordo com o Ipea, o Brasil vem apresentando ainda redução na desigualdade de renda, com queda de 1% no período de 1995 a 2000 e de 4,5% entre 2000 e 2005.

“Se projetados os melhores desempenhos brasileiros alcançados recentemente em termos de diminuição da pobreza e da desigualdade para o ano de 2016, o resultado seria um quadro social muito positivo. O Brasil pode praticamente superar o problema de pobreza extrema, assim como alcançar uma taxa nacional de pobreza absoluta de apenas 4%, o que significa quase sua erradicação”, diz trecho do estudo.


Índice de Gini

O índice de Gini varia de 0 a 1 e mede a distribuição da renda na população: quando mais próximo de 0, maior a igualdade; quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade entre o que as pessoas ganham.

Segundo o Ipea, em geral, o índice de Gini encontra-se abaixo de 0,4 em países desenvolvidos e cita como exemplo Itália (0,33), Espanha (0,32), França (0,28), Holanda (0,27), Alemanha (0,26) e Dinamarca (0,24), com dados de 2005. Até 2016, o índice de Gini do Brasil poderá atingir 0,488, de acordo com o Ipea.

 

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em setembro de 2009, o índice de Gini dos domicílios brasileiros passou de 0,521, em 2007, para 0,515, em 2008. Em 1998, quando começou a série histórica, o número era de 0,567.

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Editoria de Arte / G1

 

Expansão econômica e crédito

O estudo destaca como fatores que levaram o Brasil a avanços a estabilidade monetária, a expansão econômica, o reforço das políticas públicas, a ampliação do crédito popular e a reformulação e ampliação dos programas de transferências de renda.

Além deles, também são citados a consolidação de estruturas de intervenção do Estado em áreas como saúde, educação e assistência, o aumento do gasto social, o crescimento do papel dos municípios na implementação de programas e a participação social na gestão das políticas sociais por meio de conselhos e conferências populares.

 

Por fim, o Ipea cita “condicionantes” para que a trajetória de resultados positivos seja mantida: a sustentabilidade de uma taxa elevada de crescimento econômico e baixa inflação, a orientação para a produção de bens e serviços de maior valor agregado e de elevado conteúdo tecnológico, o alívio da carga tributária indireta sobre os segmentos de menor renda e a maior eficiência no gasto público com coordenação no uso dos recursos pelas três esferas da administração pública.

 

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Editoria de Arte / G1

Fonte: Folha de São Paulo

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