Brasileiros concorrem na maior premiação dedicada a talentos LGBTQIA+

Enviado por / FontePor Cleide Klock, da RFI

Aconteceu na última quinta (30), em Los Angeles, o 34° GLAAD Awards, premiação que celebra personalidades e produções do cinema, jornalismo, televisão e música por suas representações precisas sobre a comunidade LGBTQIA+. O evento é a premiação mais importante do gênero, com mensagens poderosas de inclusão. Organizado pela Aliança Gay e Lésbica contra a Difamação (em tradução), nas suas 33 categorias, teve 295 indicados, entre eles Anitta e a produção brasileira “Manhãs de Setembro”.

A série “Manhãs de Setembro” está com duas temporadas no ar na Amazon Prime Video e é protagonizada pela cantora e atriz Liniker. O elenco ainda conta com Thomás Aquino, Clodd Dias, Gustavo Coelho, Paulo Miklos, Seu Jorge, Ney Matogrosso, Mart’nália entre outros.

“É uma celebração muito grande, porque a gente está participando de um prêmio, que premia a arte da gente mas, mais do que isso, diz que nosso trabalho está contribuindo para mudar o mundo, de uma certa maneira contribuindo para um novo olhar a respeito da comunidade LGBTQIA+. Então isso é muito prazeroso, fazer parte dessa cadeia, junto com várias pessoas que estão todas nessa direção de trazer a visibilidade para esse tipo de conteúdo”, contou a diretora Dainara Toffoli, em Los Angeles.

“É muito legal porque traz visibilidade para o nosso trabalho, para o mercado brasileiro e ajuda na luta pelas liberdades individuais. “Manhãs de Setembro” para nós é uma série que também significa resistência e a luta por mais liberdade”, completou Luís Pinheiro.

A presidente da ONG GLAAD, Sarah Kate Ellis destacou que com “a violência, legislação prejudicial, falsa retórica e outros ataques à comunidade LGBTQIA+ continuando a aumentar, é mais crucial do que nunca que o grupo permaneça visível e incluído nas histórias que o mundo vê”.

“Manhãs de Setembro” conta a trajetória de Cassandra, uma mulher trans que está buscando seu espaço como artista e descobre que tem um filho, gerado antes da transição. A personagem é interpretada pela cantora Liniker.

“A Liniker traz muita verdade para a personagem, mesmo quando ela vai interpretar, por exemplo, a Vanusa, ela faz uma interpretação que tem um jeito muito dela e traz essa voz à personagem, algo muito original, muito próximo do coração. “Manhãs de Setembro” trata de afeto, família, relacionamento. Então são coisas que todas as pessoas vivem e isso eu acho muito lindo na série”.

Fotos making de manhãs de setembro © Divulgação

Protagonismo urgente

Dainara, que transita entre o documentário e a ficção, nos revelou que adora contar histórias de mulheres como protagonistas. No início da carreira, a gaúcha trabalhou com o cineasta Jorge Furtado no premiado “Ilha das Flores” (1989), e entre as produções que assinou a direção estão o documentário “Dona Helena” (2005), sobre a cantora, compositora e violeira Helena Meirelles, o filme “Mar de Dentro” (2022) e as séries “Amigo de Aluguel”, “De Volta aos 15” (2022) e “As Five” (2020-).

A ascensão do streaming, segundo a diretora, deu espaço a outras vozes, que antes eram apenas coadjuvantes e para as quais há um apelo e a necessidade urgente de que sejam protagonistas.

“Abriram muito mais possibilidades para poder trabalhar temas que antes eram negligenciados ou que eram personagens secundários. Como todos os personagens secundários têm muito menos camadas, então acabavam ficando um pouco mais rasos e caricatos e isso é muito perigoso quando você vai tratar de uma questão como a comunidade LGBTQIA+. Eu acho que também dentro do leque de produtos eles podem experimentar outra faixa de público. A gente vê que “Manhãs de Setembro” foi muito assistida e por toda a família, é uma série de família”.

Em busca de empatia e dos direitos individuais

Para Dainara só o fato de poder estar entre os indicados já mostra a qualidade do audiovisual brasileiro e que as produções nacionais também estão nessa luta para que os direitos individuais não sejam cerceados.

“A gente ainda está em um momento de muita luta, no qual é preciso ter um pouco mais de compreensão de empatia. E que as pessoas tenham um olhar um pouco mais aberto para enxergar o outro que é diferente de si”.

“Manhãs de Setembro” concorreu com outras nove produções e a vencedora de Melhor Série Dramática foi “9-1-1: Lone Star”. Na categoria Melhor Artista Musical, a que Anitta concorria, quem levou o prêmio foi a cantora americana FLETCHER.

Manhãs de Setembro © Divulgação

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