Natural de Manaus (AM) e moradora de Foz do Iguaçu (PR), Bruna Ravena milita há nove anos pelos direitos das mulheres trans e travestis. Em 2025, atua para mobilizar esse público a participar da segunda Marcha Nacional de Mulheres Negras e se apropriar dos significados de reparação e bem viver.
Bruna é coordenadora da ONG Casa de Malhú, integrante do Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros (Fonatrans) e do Comitê Nacional da Marcha de 2025. É ainda bacharel em administração.
Sua história de ativismo tem início em 2016, ano em que recebeu o convite das idealizadoras da Casa de Malhú, dedicada à população trans, para integrar a organização e conhecer as atividades da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) em Porto Alegre.
De lá pra cá, tem entendido o peso e a importância da militância. “Luto para que as mulheres trans pretas, que são as menos valorizadas e as mais hostilizadas no processo de participação social, silenciadas dentro desse processo, possam ter a oportunidade de crescer e de se fortalecer”, afirma.
Como Bruna iniciou sua trajetória de ativismo no ano seguinte à realização da primeira Marcha de Mulheres Negras, ocorrida em 2015, em Brasília, não chegou a ter conhecimento sobre o ato na época. “Eu estava à margem de tudo: da política, do conhecimento, do letramento. Enquanto profissionais do sexos, não tínhamos a perspectiva de ocupar e contar nossas histórias para fazer mudanças pessoais e coletivas”, relata.
Hoje, enquanto integrante da organização nacional da segunda Marcha Nacional, trabalha para que mulheres trans como ela tenham a chance de participar do ato e compreender a importância de marchar junto a mulheres de todo país no dia 25 de novembro, em Brasília.
“O meu principal objetivo é dialogar com o máximo de mulheres trans e travestis para que elas possam participar da Marcha de Mulheres Negras. As mulheres trans precisam de reparação e bem viver, para nós isso é emergencial”, diz.
Em relação a reparação, a ativista pontua que passa pela maior participação de mulheres trans e travestis na política institucional, por uma política orçamentária de Estado que as contemple e por uma sociedade que as respeite. Já sobre bem viver, cita o acesso à moradia, trabalho digno e segurança pública qualificada.

A entrevistada conta ainda que é gratificante participar da construção da Marcha e está ansiosa pelo seu acontecimento. Mas, segue cuidadosa em sua atuação: “para que eu possa conseguir levar a mensagem de conscientização e incentivo para as outras meninas que também vão estar chegando lá, vai ser uma novidade para muitas delas”.
A conversa com Bruna Ravena integra a série de entrevistas “Mulheres Negras em Marcha”, que dialoga com ativistas do movimento de mulheres negras de diferentes gerações e regiões do país, a fim de pautar a 2ª Marcha Nacional de Mulheres Negras, que acontecerá no dia 25 de novembro, em Brasília. As entrevistadas vão relatar suas trajetórias de luta, seu engajamento nas marchas e os motivos que as fazem marchar cotidianamente.
A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver trata-se de uma continuação do movimento que aconteceu em 2015 e reuniu milhares de militantes em Brasília: a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. Uma década depois, o movimento de mulheres negras pretende reunir 1 milhão de marchantes na capital do país a fim de reivindicar um novo pacto civilizatório.