Campanha tucana mobiliza subprefeituras de São Paulo para pedir votos a Serra

Com “dedo” de Kassab, encontros reúnem lideranças comunitárias por região

Thiago Faria, do R7

Coordenada pelo ex-secretário de José Serra (PSDB) no governo e vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) ao Palácio dos Bandeirantes, Guilherme Afif Domingos (DEM), a campanha tucana tem mobilizado subprefeitos da capital paulista para ajudar na busca de votos para os candidatos do partido. Desde o meio de julho, Afif tem se empenhado na organização de reuniões com líderes comunitários da cidade e conta com a ajuda dos administradores locais para convencer quem participa do encontro a “espalhar a mensagem” do partido.

 

Os encontros, que são chamados de “reuniões de trabalho”, ocorrem sempre após as 18h, ou seja, fora do horário de expediente. Mas, na prática, a movimentação começa bem antes. No último dia 10, por exemplo, o aposentado Djalma Kutxfara, presidente de uma associação de combate às enchentes do córrego Pirajussara, compareceu a um desses encontros e disse que foi convidado a participar ao passar na subprefeitura do Butantã, bairro onde ocorreria a reunião daquele dia.

– Não tenho nenhuma ligação com o partido. Se o pessoal do PT me convidar, eu vou também. Meu negócio é resolver os problemas.

Saiu da reunião carregando adesivos e santinhos do candidato a deputado federal Walter Feldman (PSDB), que disse conhecer desde a época em que Mário Covas foi governador (1995-2001).

Também presente no evento da última terça, um funcionário da prefeitura que preferiu não se identificar disse que foi convidado por amigos da subprefeitura da região e, embora more no bairro da Lapa, resolveu participar da reunião naquele dia. Sem candidato definido, disse que foi até lá para ouvir o que tinham a dizer.

No dia seguinte, o encontro ocorreu na Freguesia do Ó. Na subprefeitura local, quem ligasse pedindo informações sobre a reunião era orientado a ligar para o escritório de um vereador da região, mas obtinha dados básicos, como horário e o local do evento.

Mobilização

Na semana passada, o R7 acompanhou um desses encontros, o 13º da série de 31 que a campanha pretende realizar – exatamente o número de subprefeituras de São Paulo -, que aconteceu no Butantã, na zona oeste da cidade.

Um dos primeiros a falar, o subprefeito do Butantã, Regis Gehlen de Oliveira, listou realizações que as gestões de Serra e do atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), fizeram na região e conclamou os presentes a “espalharem a mensagem”.

– Essa mobilização nesse momento é muito importante para nós […]. Eu acho que temos bastante a contar e levando essa mensagem aos eleitores, não é conversa fiada, são realizações, coisas positivas, isso vai mostrar que nós podemos mais.

Questionado se estava ali como militante, Oliveira disse que foi “para ajudar” e negou ser filiado ao PSDB ou ter qualquer relação com a campanha tucana.

Afif, o coordenador dos eventos, disse que as reuniões têm o dedo de Kassab e que as pessoas participam dos encontros como voluntários.

– A participação do Kassab é direta. Ele autoriza a sua equipe a trabalhar [pela campanha tucana] das 12h às 14h e depois das 18h. Nunca no horário do expediente. São voluntários, vem quem quer.

No encontro do Butantã, Afif e candidatos a deputados se revezaram no microfone listando motivos para votar nos nomes do partido, além de atacarem os adversários petistas.

Ausentes, Alckmin e Serra só apareceram no fim, em vídeos gravados nos quais conclamaram os “formadores de opinião” locais a se engajarem na conquista de votos.

Legislação

Consultado pelo R7, o ex-ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Fernando Neves disse não considerar irregular o fato de funcionários de órgãos públicos fazerem os convites.

Segundo ele, no entanto, dependendo da forma que são feitos – pelo e-mail institucional ou panfletagem, por exemplo – podem configurar abuso de poder ou conduta vedada a agentes públicos.

– Em princípio não vejo nada de irregular, mas dependendo da forma em que o convite é feito pode ser abuso ou conduta vedada.

Pela lei eleitoral, tanto o abuso de poder quanto a prática de conduta vedada configuram irregularidades na campanha que podem custar a cassação de candidaturas.

Fonte: R7

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