Um filá, uma espécie de chapéu usada por sacerdotes e seguidores do orixá Obaluiaê, do candomblé, foi o motivo de uma polêmica envolvendo, no mesmo tabuleiro, um candidato a deputado federal, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) da Bahia e acusações de discriminação racial e religiosa.
Por trajar o adereço, o candidato Eniédson Ferreira dos Santos, 42, do PRP, foi barrado em 30 de junho por seguranças do tribunal ao tentar fazer uma consulta sobre a prestação de contas da campanha.
“Os agentes disseram que eu não podia entrar no prédio porque eu estava com o filá. Sou negro e já senti o preconceito na pele. A Justiça, que deveria coibir a discriminação, me discriminou. Me visto assim pela minha religião”, afirmou o candidato, adepto do candomblé.
No dia seguinte à barração, Santos fez uma representação contra o TRE-BA na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa da Bahia. Mais tarde, prestou queixa à PF (Polícia Federal). No último dia 9, fez a denúncia no MPF (Ministério Público Federal) da Bahia.
De acordo com o candidato, os seguranças alegaram cumprir a portaria 566/2009, que trata dos trajes permitidos dentro do prédio para barrá-lo. Segundo Ferreira, o diretor-geral da instituição, Raimundo Vieira, ordenou a uma funcionária, via celular, que não permitisse a entrada do candidato com o chapéu.
A assessoria de comunicação do TRE-BA disse que ocorreu um “mal-entendido”, “um ato de ignorância” da equipe de segurança, de uma empresa terceirizada. O tribunal disse que nenhuma norma proíbe o uso de cobertura na cabeça.
A Corte nega ato de discriminação. Um relatório será elaborado para apontar os responsáveis por barrar o candidato, que poderão ser punidos. De acordo com a assessoria, o diretor-geral recomendou “bom senso” aos seguranças, e não negou acesso ao prédio ao candidato
Fonte: Folha.com