‘Carnaval tem preconceito com rainhas negras’

A dançarina Barbara Sheldon afirmou que as escolas acham que “negra é para ser passista e não serve para rainha”

Por Marcus Vinicius Pinto no Terra 

Ser rainha de bateria de uma escola de samba requer muito ensaio e muito samba no pé? Nem sempre. Para a dançarina Barbara Sheldon, professora de dança de Nanda Guimarães, rainha da Parque Curicica, da série especial, o samba é muito preconceituoso com as mulheres negras.

“Acham que negra é para ser passista e não serve para rainha”, disse Sheldon, com uma certa dose de exagero. “Mas não demora muito e ela supera esse preconceito. Vai estar entre as grandes”, garantiu.

A própria Nanda Guimarães considera exagerado falar em preconceito contra as mulheres negras nesta situação. “Cada um conquista seu espaço com tempo. Estou começando na escola e quero crescer junto com ela”, opinou, sem afirmar que pretende chegar logo a uma escola do grupo especial.

E, quando rechaça o exagero de sua amiga, a travesti Sheldon, Nanda tem razão. No grupo especial, temos Juliana Alves, na Tijuca, Raíssa de Oliveira, na Beija-Flor, Evelyn Bastos, na Mangueira, e Cris Vianna, na Imperatriz. “Eles preferem as famosas. Mas, dar chance a quem frequenta a comunidade e banca sua fantasia, não”, acusou a travesti, que ficou famosa no ano passado, quando seu silicone estourou dentro de um ônibus, no Rio.

A modelo Renata Frisson, a Mulher Melão, destaque da Grande Rio, vai além: ela diz que o verdadeiro samba é sim da mulher negra e que as brancas imitam. “Elas têm a ginga e a essência do samba, mas ninguém tira espaço de ninguém”, afirmou.

“O problema é que as melhores não se vulgarizam, não vem peladas. É só olhar e ver que isso é uma verdade”, disse Sheldon, sem fugir da polêmica. “Sonho sim em ser majestade de uma escola como essa”, disse Nanda Guimarães, em referência à pequena Parque Curicica.

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