Carta aos Orixás

Aline Najara Gonçalves

Que eu seja forte, como o grito de guerra dos negros velhos, que na aflição encontraram sua força.

Que eu seja puro, como as crianças que encontraram

na morte o recomeço da vida.

E assim como os índios e caboclos das matas, eu conheça

a cura, a sabedoria, e a simplicidade.

Pra que nem na derrota, eu desista da luta e da evolução…

Que eu veja no aprendizado de hoje, minhas lições do passado.

Que eu seja guerreiro, extrovertido, como os baianos, pra que o convívio comigo mesmo seja mais que suportável.

Que eu tenha sorte no amor, na vibração das pomba giras,

minha vida eterna seja boa companhia.

E assim como os guardiões, eu seja forte, sem perder a ternura,

e não tenha medo da luta.

Pra que nem no desespero, eu perca a fé,

a noção do amor e da caridade…

E que mesmo que seja traído, que tenha inimigos,

eu não perca o amor ao próximo.

Que eu não esqueça meu caminho, que eu siga sempre a luz.

e pra me divertir, que seja como os exús, que na tristeza enxergam alegria, e nas trevas enxergam a luz.

Que eu seja criança, adulto e ancião.

Sendo puro, aprendiz e sábio.

Que eu seja sempre lembrado e testado…

Pra que minha vida não perca o sentido.

Que Ogum me proteja com sua lança de luz.

Que Oxúm me abençoe em seus grandes rios.

Que Iemanjá me lave em suas águas salgadas.

Que Xangô me mantenha em justiça.

Que Obaluae me permita ter saúde.

Que Oxóssi me traga a sabedoria.

Que Iansã abra meus caminhos.

Que Nanã me acaricie como neto.

E que quando encontrar me com o destino final

de todo ser encarnado, seja abençoado por Omulú.

Pra que me torne, um mensageiro direto de Oxalá…

Salve o povo da direita, salve o povo da esquerda…

(por Rafael Ramos @poetavadio)

Aline Najara Gonçalves

Mestra em Estudos de Linguagem (UNEB)

Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira

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