Fratura do ar: as minhas memórias do São João
Nasci em Pouso Alegre, no estado de Minas Gerais, em 1989. Saí ainda novo de lá e a lembrança que permanece comigo —dessa cidade a que voltei tantas vezes— é a do bairro periférico do São João, conhecido no passado como “Vendinha”. Lembro da descida íngreme e infinita na entrada do bairro, onde ficava a casa da minha avó Amélia. Eu e a molecada escorregávamos nessa vertigem com skates, bicicletas, tábuas, caixas e qualquer coisa em que os nossos corpos pudessem se encaixar e deslizar. Nesses tempos puros, a nossa visão vê as coisas, mas não as compreende. O bairro do São João significava uma espécie de paraíso, um local onde eu e meus pais íamos várias vezes durante o ano para visitar a família da minha mãe e, de tabela, celebrar o meu aniversário. Diversão sem fim. “Parabéns pro Bruninho!”, gritava a criançada do bairro. Depois do bolo, íamos ...
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