Obra reúne dados sobre produção intelectual de 181 mulheres. Organizadora fala em ‘política de construção de direitos para mulheres’.
Por Luís Filipe Pereira Do G1
A invisibilidade negra voltou a ser tema de debate na tarde deste sábado (29), na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).
Com dados sobre a produção intelectual de 181 mulheres negras, e dividido de acordo com a área de atuação, o “Catálogo de mulheres negras visíveis” é definido pela organizadora Giovana Xavier como “um registro de histórias que não estão submersas”.
O lançamento da obra reuniu aproximadamente 300 pessoas – entre elas a professora aposentada Diva Guimaraes, que emocionou o ator Lázaro Ramos em mesa realizada na véspera – que se espremeram no espaço acanhado da Casa Amado Saramago.
“Esse projeto não é uma resposta. É uma política de construção de direitos para mulheres e tem um sentido político afirmar isso numa festa literária. Nós temos o direito de sermos humanas”, disse Giovana.
“O ‘visíveis’ faz parte de uma política de ‘desensinamento’ dos lugares destinados a mulheres negras no Brasil. Como diz a escritora Conceição Evaristo, a invisibilidade é a morte em vida. Sigamos visíveis”, prosseguiu.
Para a pesquisadora Dejamila Ribeiro, que também participou da cerimônia de lançamento, o catálogo tem a função de “prevenir o genocídio, mas não tem a pretensão de deslegitimar valores da sociedade”.
“Com a colonização, a gente sabe o quanto nossa cultura foi negada. Trazer um catálogo de intelectuais negras é apresentar nossa produção de pensamento. Não é que a gente esteja deslegitimando nada, a gente quer reconfigurar o mundo e isso passa pelas nossas vozes”, explicou.