Certeza da impunidade: Idosa é presa por racismo e comete o mesmo crime contra guarda municipal

Uma senhora foi vítima de racismo na tarde desta terça-feira (6) na Central do IPTU, antigo “Plenarinho” da Câmara Municipal, em Campo Grande.

no Campo Grande News por Daniel Machado

De acordo com a informação de oficiais da Guarda Municipal e de testemunhas, a vítima A.C.S.R. , de 50 anos, se encontrava na fila para pagar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) quando viu C.F.B., de 69 anos, juntamente com o marido, passar à sua frente.

Ao contestar a “furada de fila”, A.C.S.R. passou a ouvir de C.F.B. uma série de xingamentos e ofensas racistas à sua pessoa.

Presente no local, a estudante Sara Domingues, de 18 anos, disse que a senhora “branca” estava visivelmente alterada e passou a proferir muitas palavras ofensivas.

“Ela chamou a outra senhora de macaca, vagabunda, preta safada, ela perguntava o que a outra estava fazendo aqui no ‘seu país’, pois o lugar dela era na senzala, na África”, relatou.

Segundo a Guarda Municipal, havia cerca de cem pessoas no local presenciando a cena. “A agredida também ficou estressada e disse que é negra mesmo, com muito orgulho, e que a cor dela não a distinguia de ninguém”, acrescentou Sara.

Neste momento, oficiais da guarnição da Guarda Municipal da região do Imbirussu, que acompanhavam de perto a discussão, deram voz de prisão à C.F.B. por crime de racismo. A mesma resistiu e passou a xingar também um dos guardas, de 26 anos, chamando-o de “macaco”, além de fazer comentários depreciativos à Guarda Municipal, alegando que autoridade de verdade era o seu marido – ao seu lado – que era tenente do Exército Brasileiro.

O caso foi encaminhado à Depac-Centro e enquadrado como “injúria racial”.

Tanto o guarda municipal quanto A.C.S.R., que por acaso é funcionária da Polícia Civil, deram parte na delegacia contra a senhora racista, mas fizeram um acordo de processá-la somente na esfera cível, uma vez que na esfera penal (por “racismo”) a mesma, que é uma senhora de idade avançada e saúde debilitada, seria imediatamente presa sem direito à fiança.

O delegado elogiou a atitude nobre das vítimas e registrou o caso apenas como “Injúria Racial”.

+ sobre o tema

para lembrar

Teorias extremistas para ganhar votos na Europa

Algumas ideias de 'monstro' que matou 77 na Noruega...

É preciso sair da superfície

Há no Brasil um movimento pró-inclusão de bolsistas negros em...

Necropolítica x Tecnologias ancestrais de produção de infinitos

Um amigo escreveu que durante a quarentena imposta pela...
spot_imgspot_img

Quando Tony Tornado cerra o punho e levanta o braço, a luta dos afrodescendentes se fortalece

Tony Tornado adentrou o palco do Festival Negritudes e, antes de dizer qualquer palavra, ao lado do filho, Lincoln, ergueu o punho direito. O...

‘Redução de homicídios no Brasil não elimina racismo estrutural’, afirma coordenador de Fórum de Segurança

Entre 2013 e 2023, o Brasil teve uma queda de 20,3% no número de homicídios, de acordo com o Atlas da Violência, produzido pelo Fórum...

‘Não aguentava mais a escola’, diz mãe de aluna internada após racismo

A mãe da aluna de 15 anos que foi encontrada desacordada no Colégio Mackenzie (SP), contou ao UOL que a filha segue internada em um hospital psiquiátrico...
-+=
Geledés Instituto da Mulher Negra
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.