Por: ITALO NOGUEIRA
20 anos após sumiço de 11 pessoas no Rio, ninguém foi punido
A luta contra a impunidade liderada pelas chamadas Mães de Acari acabou ontem, sem prisões. Há 20 anos, 11 pessoas desapareceram no crime que ficou conhecido como a chacina de Acari. Apesar do empenho do grupo, ninguém foi punido e o crime prescreveu ontem.
Nessas duas décadas o grupo teve uma de suas integrantes assassinada, também sem que o algoz fosse identificado e preso. Suas colegas aguardam agora o esclarecimento da morte de Edméa da Silva, em 1993.
Em 26 de julho de 1990, 11 pessoas, muitas moradoras da favela de Acari, zona norte do Rio, foram sequestradas na Baixada Fluminense e desapareceram.
As investigações apontaram para a participação de policiais civis e militares que teria tentado extorquir algumas das vítimas com passagem na polícia.
Foram ouvidas 59 testemunhas, feitas buscas em rios, cemitérios e sítios da região, mas nenhum vestígio das vítimas foi encontrado. Mais de mil páginas de inquérito não foram suficientes para polícia e a Promotoria apontarem os culpados.
A chacina foi a primeira de uma série de crimes bárbaros que marcaram o Rio no início da década de 90 -como as chacinas de Vigário Geral e da Candelária. A mobilização das Mães de Acari teve repercussão internacional e inspirou outros familiares de vítimas da violência.
“O desaparecimento traz um sofrimento sem fim. É um luto eterno”, disse Marilene Lima de Souza, 58, mãe de Rosana Souza Santos, 18.
A mobilização das mães, hoje restam sete das nove, virou modelo no país. Mas a quantidade de mulheres na mesma situação mostra que nem tudo mudou desde então. “Tínhamos a utopia de que não haveria outros casos”, diz Marilene.
Fonte: Folha de S.Paulo