Cliente relata caso de racismo na sorveteria Bacio di Latte

Um segurança teria pedido para o frequentador se retirar da loja de Moema

Da Veja 

Bacio di Latte: caso de preconceito em Moema (Reprodução/Veja SP)

Na tarde da última quarta (15), Carlos Ribeiro, executivo de uma empresa de construção civil, usou o Facebook para relatar um caso de racismo na unidade de Moema da sorveteria Bacio di Latte. Em seu depoimento, que já recebeu mais de 260 compartilhamentos, Ribeiro conta que estava com seus amigos no endereço, no sábado (11). Na frente de todo mundo, ele teria sido “convidado a se retirar”.

Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, Ribeiro afirmou que foi confundido com um vendedor de brinquedos dentro da loja e interceptado por um segurança, pedindo que ele se retirasse. “Ele não reparou que eu brincava com uma criança, que tomava café. O cara ficou cego por esse ‘pré-conceito’”, disse.

Em um dos trechos da publicação, o executivo reitera que apenas ele foi abordado pelo funcionário, diferentemente das outras pessoas de pele clara no local. “Na frente dos meus amigos, todos brancos, independentemente de suas profissões, ou cargos, ou condição social, fui convidado a me retirar da loja, confundido com não sei o que, porque sou #negro, segundo palavras do próprio segurança mal treinado“, escreveu.

Veja a postagem:

Após a situação, Ribeiro conta que chegou a enviar dois e-mails para a companhia, pedindo uma retratação, mas foi ignorado. A reposta só teria aparecido após a publicação do post, quando o gerente da loja fez uma ligação convidando-o para conhecer mais sobre a marca em uma reunião.

Instantes mais tarde, um amigo de Ribeiro passou o relato para um dos donos da empresa, pois eram conhecidos próximos. O convite para conhecer a sorveteria foi reiterado e o executivo aceitou, com a condição de que construíssem, juntos, um programa para combater o preconceito. O encontro ficou marcado para a próxima terça (21). “A gente precisa educar as pessoas por meio do trabalho social. Temos que procurar difundir essa educação”, explica.

Outro lado

Em nota, a Bacio di Latte afirmou que a situação está esclarecida e que irá intensificar o treinamento dos funcionários. Leia o comunicado:

“Recentemente houve uma falha na abordagem por parte da segurança terceirizada em relação ao cliente que estava em uma das lojas da rede. O cliente foi confundido com um vendedor ambulante que havia entrado no local. Neste momento a situação está esclarecida entre as partes envolvidas. Para reforçar que este tipo de situação não se repita, a empresa decidiu intensificar o treinamento envolvendo seus funcionários e parceiros.”

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...