Com Bolsonaro & Feliciano, a direita saiu do armário

 

O PT deve retomar a presidência da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Deputados. 

O Brasil tem uma dívida para com o discurso e ações da dupla Marco Feliciano & Jair Bolsonaro. 

Ambos personificaram o descaso diante da importância do tema dos Direitos Humanos. E não apenas.

A Comissão ter caído nas mãos de tal dupla acentuou um afastamento, certo esgarçamento que ia se dando entre o PT e movimentos sociais, sua base histórica.

A ligação visceral com bases sociais em múltiplas frentes foi, em síntese, o que levou Lula e Dilma à presidência.

Na luta pela manutenção do poder, alianças cada vez mais obscuras, quando não promíscuas, foram dissociando porções hegemônicas do PT de várias de suas bases.

Feliciano no comando dos “Direitos Humanos” é evidência disso. Se as ruas de junho foram choque de realidade, também é o espaço cedido, e ocupado pela verborragia da Idade Média.

Já nos dias de hoje, seja com fato ou com ficção, se busca atribuir apenas a franjas de dita “extrema esquerda” a responsabilidade por atos de violência.

É tempo de notar o que se passa também à “direita”. A ascensão de porta-vozes como Feliciano & Bolsonaro mostra a “direita”, a “extrema direita” saindo do armário.

Há quem ainda diga que direita e esquerda já não existem. Quem diz isso costuma ser… da direita. Que pagou e ainda paga o preço por ter sido a indutora e alma da ditadura brasileira. 

Ditaduras existiram e existem à direita e a esquerda. No Brasil, a ditadura nasceu numa ação de militares, porções da sociedade, do empresariado… inclusive da Grande Mídia.

Agora, uma “nova direita” avança. Movida por fatores econômicos, sociais, e culturais: as redes sociais, por exemplo, são espaços onde todas as tribos podem se encontrar, se agrupar. E se agrupam.

A chamada “direita” nunca perdeu certas hegemonias. Na indústria da comunicação, por exemplo. Agora avança em busca da hegemonia na política, e isso é parte do jogo democrático.

É saudável que se escancarem os armários. Talvez assim nos livremos da armadilha de um discurso moral que não resiste aos fatos.

A violência, inclusive nas linguagens, está no cotidiano. Não enxerga quem não quer. Para se enfrentar o discurso do ódio, e a barbárie como solução, é fundamental o uso da razão.

Para Norberto Bobbio, pensador italiano, o que diferencia esquerda e direita seria, em resumo, o modo de encarar o problema da desigualdade social e o como enfrentá-lo.

Para tanto, é preciso saber com clareza quem é o quê. 

Há dias se busca, ou se inventa, quem supostamente faz dobrar sinos e sininhos em um extremo.

Com palavras e atos atropelando direitos humanos, Bolsonaro & Feliciano emprestaram rosto e significados à direita, ao extremo da direita.

 

 

 

Fonte: 

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