Como se faz uma crônica

Em três fases. Pois tudo sobre a Terra – abaixo e acima dela – tem três etapas. Nossa própria existência: nascer, viver, morrer. Todas as narrativas: começo, meio, fim. Prato brasileiríssimo: arroz, feijão, farinha. Do mestre Lao-Tsé: “O Tao gerou Um. Um gerou Dois. Dois gerou Três. Três gerou todas as coisas”.

Por Fernanda Pompeu Do Yahoo

Primeira fase:
Encontrar o tema. Nem sempre é difícil, às vezes ele vem como um santo que baixa. Você está tomando um copo d´água e, antes de terminar, surge o assunto. Num dia de sorte, pode até despontar inteiro, perfeito, redondo. Mas nem sempre é fácil, de repente, vem a pergunta: Escrever sobre o quê?Silêncio de sepulcro. Aí a orientação é ir para a rua e esticar os ouvidos para frases alheias. Também ajuda assistir a um filme. Quem sabe um cena, um diálogo acenda uma luzinha na sua cabeça. Ou se inspirar no vídeo do cartunista Alpino mostrando como se faz uma charge. Também vale se refugiar noDom Casmurro, do Machado de Assis. Todas as ideias estão lá. Se nada disso adiantar (e muitas vezes não adianta), a dica infalível é olhar para dentro de você e aguardar que o tema venha. Ele virá alegre ou tristemente. Mas virá. 

Segunda fase:
Moldar a forma da ideia. O assunto será tratado de jeito engraçado? Trágico? Ele é sério ou risonho? Em geral, o tratamento crônico mistura as categorias acima. Pois a crônica é um gênero do cotidiano, das chamadas coisas pequenas. Uma crônica não se dispõe a mudar o mundo, quando muito, ela muda seu estado de espírito enquanto você lê. Dos pesos da literatura, ela é categoria peso leve. Tudo isso é certo para o leitor, pois para a pobre da cronista ela dá um trabalhão. Por exemplo, escrever sobre a morte, o amor, o desespero, o frescor de maneira leve. Crônica tem que ter leveza, antes de tudo. Nela, cada frase tem o efeito de um parágrafo. 

Terceira fase:
Soltar os dedos no teclado. Chamo esse momento de a hora da verdade. O acaso e a teoria ficaram para trás. Agora é você e a língua portuguesa. Todas as decisões são suas. As consequências da escolha do tema, do formato da ideia, da escrita propriamente dita também. Comece, continue e termine. Depois vem a revisão: checagem de ortografias, nexos sintáticos, resultados semânticos. Aqui você deixa de ser cronista para se tornar carpinteiro. Cortar, lixar, polir. Pronto, agora é postar. O passo seguinte é com o leitor.

+ sobre o tema

Ascensão econômica desde 2003 não modifica valores políticos, diz pesquisa

Estudo mostra que população associa ganhos dos últimos 10...

Marcos Coimbra: O “povão” e a nova maneira de avaliar os candidatos

Por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense   A...

5 coisas que você deve saber antes de considerar ir morar no exterior

Outro dia compartilhei um texto no Facebook no qual...

Campanha Justiça por Miguel recebe apoio de artistas

Nesta quarta-feira (2), artistas, militantes, ativistas, advogados e familiares...

para lembrar

As panes no sistema de transporte público tucano vão ser diárias?

Um dia após a pane na Companhia Paulista de...

Negros reduzem diferença de ganhos para não negros em SP

Fonte: Terra -   A população negra aumentou sua...

Sakamoto – E se PT e PSDB fizessem um pacto pelos direitos humanos?

A medida em que caminhamos em direção às eleições...

Lula: Deus abençoe o Brasil e o povo negro deste país

Fonte: A Tarde - (assista a íntegra...

Fim da saída temporária apenas favorece facções

Relatado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Senado Federal aprovou projeto de lei que põe fim à saída temporária de presos em datas comemorativas. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA),...

Morre o político Luiz Alberto, sem ver o PT priorizar o combate ao racismo

Morreu na manhã desta quarta (13) o ex-deputado federal Luiz Alberto (PT-BA), 70. Ele teve um infarto. Passou mal na madrugada e chegou a ser...

Equidade só na rampa

Quando o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, perguntou "quem indica o procurador-geral da República? (...) O povo, através do seu...
-+=