O dia 21 de março será lembrado pelo início oficial das obras da futura sede do Instituto Cultural Steve Biko. A instituição, que atualmente funciona em um imóvel alugado no Pelourinho, estará localizada no Campo Grande, coração do Centro Antigo de Salvador, oferecendo para os jovens um espaço para múltiplas vivências, como troca de saberes, formação e educação.
Do Steve Biko
Durante a cerimônia, militantes do movimento negro e dos direitos civis destacaram a importância das políticas de inclusão criadas pela instituição ao longo dos 25 anos de existência. “Fiquei emocionada quando vi a placa com o símbolo da Biko, essa casa que instigou o surgimento, no Brasil inteiro, de cursos pré-vestibulares, dando a oportunidade para pessoas negras estudarem e ingressarem numa faculdade tendo a consciência da sua trajetória, a Biko é uma das maiores obras do movimento negro nessas últimas décadas”, relatou Regina Ademi, ativista do movimento de mulheres negras, referindo-se as aulas de Cidadania e Consciência Negra, matéria chave de todos os projetos do Instituto.
A instituição ganhou visibilidade e apoio internacional. Um dos responsáveis por tamanha proporção é o norte americano Joe Beasley, que milita pelos direitos civis nos Estados Unidos. “Tinha ouvido falar que a maioria dos negros brasileiros estavam concentrados na Bahia, eu visitei a África do Sul no final do apartheid e sabia que Steve Biko havia doado a sua vida contra a opressão naquela nação, conhecer a instituição que carrega este nome fez com que eu viesse visitar o Instituto”, contou Beasley, que veio ao Brasil para participar do lançamento.
Tarry Cristina, diretora pedagógica da Biko destacou a importância da união para alçar novos voos e construir a Faculdade Steve Biko. “A gente vai crescendo nos nossos sonhos, o céu é o limite e é isso que hoje a gente tem que firmar aqui um laço de irmandade, de solidariedade, muita calma, cautela e tolerância entre os nossos, fundamental frente a tudo que está sendo implementado no Brasil, numa política que vai de encontro ao que nossos ancestrais nos colocaram, aqui é só uma pontinha do iceberg”, relatou emocionada.
A instalação da sede própria no Campo Grande, local de grande movimentação e rápido acesso, vai facilitar a circulação do conhecimento e será mais um ponto de interação da população negra que entrará para a história do Centro Antigo de Salvador.