Fonte: Agência Luisa –
Kinshasa, 14 out (Lusa) – A concentração de dezenas de milhares de congoleses e angolanos na fronteira de Luvo-Lufu, expulsos por Angola e República Democrática do Congo (RD Congo, ex-Zaire), pode originar numa “catástrofe humanitária” na região, alerta o Gabinete dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas.
O relatório de situação do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA), elaborado após o envio para de uma missão que integra diversas agências das Nações Unidas para a região, sustenta que a possibilidade de a situação se tornar “catastrófica” vai depender da continuação ou suspensão das expulsões.
Na segunda-feira à noite, as autoridades dos dois países concordaram em cancelar as deportações e prosseguir o diálogo para achar uma solução para o conflito.
Os congoleses expulsos estão concentrados em províncias de fronteira como Baixo Congo, Bandundu e Kasai-Ocidental.
As agências humanitárias mostram-se particularmente preocupadas com a situação no Baixo Congo, onde já se encontram entre 15 mil e 20 mil repatriados, que ali chegaram na maioria ao longo dos últimos dois meses.
Kinshasa iniciou na semana passada a expulsão de angolanos, cujo número já teria chegado aos 30 mil.
Na província do Zaire foram contabilizados cerca de 24 mil e no Uíge cerca de 4,5 mil pessoas.
Citado pela agência de informação das Nações Unidas (IRIN), o relatório destaca que “grande número de expulsos está concentrado” próximo do posto fronteiriço Luvo/Lufu, na província angolana do Zaite, no norte do país.
A principal preocupação identificada é o transporte e estão sendo acompanhadas as necessidades de água, saneamento, medicamentos e alimentação da população ali concentrada.
O documento indica também que a última onda de repatriamentos forçados começou em janeiro e “atingiu o clímax entre o final de agosto e o presente”.
“Desde o início desta vaga [onda], cerca de 18,8 mil cidadãos congoleses foram supostamente expulsos de Angola”, adianta.
O documento afirma ainda que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados recolheu relatos de maus-tratos, detenções e roubos a emigrantes congoleses em situação irregular, expulsos da província angolana da Lunda Norte a partir de maio deste ano.
De acordo com a OCHA, cerca de 140 mil congoleses foram repatriados por Angola desde 2003.
Kinshasa invocou a reciprocidade de tratamento para iniciar a expulsão de angolanos, muitos deles vivendo no país desde a guerra civil angolana.
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