Conheça Billy Porter, a nova Fada Madrinha de ‘Cinderella’

Enviado por / FonteO Globo

Ganhador de um Emmy pela série 'Pose', ícone da moda com looks deslumbrantes que descontroem convenções de gênero e ativista na luta contra o HIV, ator vive a personagem icônica no filme que estreia nesta sexta-feira

A mais nova versão de “Cinderella” estreia nesta sexta-feira (3), na Amazon Prime. Com uma pegada feminista e moderna, o filme traz a ex-Fifth Harmony Camila Cabello como protagonista e o ícone fashion Billy Porter no papel da Fada Madrinha. No longa dirigido por Kay Cannon (“Pitch Perfect”), a própria Cinderela vive um dilema entre seu romance com o príncipe e seu sonho de se tornar uma estilista dona do próprio negócio.

Além disso, a Fada Madrinha fica muito distante da senhorinha simples de outrora. Agora, a fabulosa “Fab G” transcende barreiras binárias de gênero e rouba a cena com um enorme salto agulha, um colar cheio de brilho e um vestido de gala. Escalado para o papel, Porter vem se tornado referência na arte e na luta por direitos da comunidade LGBTQIA+. O ator e cantor de 51 anos ganhou o público com seu papel na premiada série “Pose” e chegou a ser incluído na lista de 100 pessoas mais influentes de 2020 da revista “Time”.

Billy Porter viveu Lola no musical “Kinky Boots”, com trilha sonora de Cyndi Lauper. Foto: Matthew Murphy / Divulgação

A carreira de Billy Porter começou em 1994, com a participação em um revival de “Grease” na Broadway, e ganhou visibilidade em 2013, quando o artista viveu a drag queen Lola em “Kinky Boots”, um musical da Broadway com trilha sonora de Cyndi Lauper. Por sua interpretação, Porter ganhou um Prêmio Tony — considerado o Oscar do teatro — na categoria Melhor Ator em Musical, além de um Grammy no ano seguinte como Melhor Álbum de Teatro Musical.

Seu primeiro papel expressivo no audiovisual foi na oitava temporada de “American Horror Story” (do aclamado Ryan Murphy, criador de “Glee”), quando interpretou o personagem Behold Chablis, em 2018.

Mas seu grande salto ao sucesso veio logo depois, com a série “Pose” (2008) — outro sucesso de Ryan Murphy—, que rendeu ao artista uma legião de fãs, além de uma indicação ao globo de Ouro e um Prêmio Emmy de Melhor Ator em Série Dramática em 2019. Billy Porter entrou para a história como o primeiro homem assumidamente homossexual a ganhar a mais alta premiação da TV americana.

A série, que já tem três temporadas, retrata a cena dos bailes LGBT de Nova York no final da década de 1980. Equilibrando-se na medida certa entre leveza e seriedade, “Pose” dá protagonismo às lutas e dramas vividos por comunidades marginalizadas enquanto faz uma reverência à cultura drag.

Na obra, Porter vive Pray Tell, um mestre de cerimônia dos “ballrooms” que descobre ser HIV positivo, enquanto sofre de perto a perda de pessoas queridas pela AIDS.

O elenco de “Pose” conta ainda com o maior número de atrizes trans já visto na TV americana e ostenta nomes como Hailie Sahar, Angelica Ross, Indya Moore, MJ Rodriguez e a modelo Dominique Jackson.

Nas telas, Billy Porter pode ser visto ainda na comédia “O Clube dos Corações Partidos” (2000) e “Sócias em Guerra” (2020). Ele também aparece em participação especial no videoclipe da Taylor Swift “You Need to Calm Down”(2019), que apresenta ícones LGBTQ.

Luta contra o HIV

Assumidamente homossexual desde os 16 anos, Billy Porter cresceu entre uma família pentecostal “muito religiosa” na Pensilvânia. Em maio de 2021, o ator resolveu romper o silêncio e revelou à revista americana “The Hollywood Reporter” que foi diagnosticado como portador do vírus HIV em 2007.

“A vergonha que eu senti naquela época, aumentada pela vergonha que já tinha em toda a minha vida, me silenciou. E eu tenho vivido com essa vergonha em silêncio por 14 anos. Ser soropositivo, no lugar de onde eu vim, era a punição de Deus”— disse em entrevista.

Na mesma ocasião, Porter lembrou da infância difícil e declarou ter sido abusado sexualmente por seu padrasto entre os 7 e 12 anos de idade.

“Nunca houve um momento em que eu não tivesse passado por um trauma” — comentou Billy — “Eu sobrevivi para poder contar a história. É pra isso que eu estou aqui.”

Irreverência fashion

Billy Porter Foto: MARK RALSTON / AFP

Além do sucesso nas telas, Porter se tornou um dos queridinhos do mundo da moda ao desfilar looks deslumbrantes que descontroem convenções de gênero e despertam discussão em torno da masculinidade heteronormativa. Criativo e engajado, Billy Porter encontrou na moda uma ferramenta política para chamar a atenção para a luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.

No Oscar de 2019, o ator chocou o mundo ao trocar as calças do tradicional smoking preto por uma gigantesca saia de veludo —  e precisou até de ajuda na hora de desfilar o modelito criado pelo estilista Christian Siriano.

“Isso me fez falar mais alto e ser mais agressivo em ter certeza de que estou sendo ouvido. Porque todos nós somos seres humanos que merecemos nosso espaço nesse mundo”, defendeu Billy ao jornal britânico “The Guardian” meses depois, diante de críticas recebidas na internet.

Outro look icônico do artista foi apresentado no Met Gala 2019, que teve como tema “Camp: Notes on Fashion” —  um estilo divertido e exagerado. Lembrando uma deusa egípcia, com um macacão brilhante com jóias, um capacete de ouro 24 quilates e longas asas douradas que chegavam a três metros de comprimento, Porter entrou no tapete vermelho carregado por seis homens sem camisa em um figurino também dourado. 

Billy Porter, ator favorito em série dramática neste ano por Pose Foto: MARIO ANZUONI/REUTERS

No ano passado, Billy Porter desfilou pelo red carpet do Globo de Ouro com mais um traje que brinca com a binaridade do “feminino” e “masculino”. Desta vez, com um smoking branco cristais Swarovski e uma cauda com penas, lembrando um vestido de gala.

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