As fontes de informação, de diversas instituições pelo mundo, reunem centenas de milhares de publicações, a maioria das quais avaliadas por especialistas da área
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Pesquisadores da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) realizaram um estudo que resultou na elaborado um guia com dezenove fontes de informação especializada em África e africanidades. O resultado dessa pesquisa foi publicada recentemente na Revista do Instituto de Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), chamada “Ponto de Acesso”.
Wellington Marçal, Angerlânia Rezende, que são docentes da UNIR, e Gracielle Mendonça, bibliotecária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), fizeram o levantamento das fontes na literatura nacional e internacional da ciência da informação utilizando motores de busca para a identificação de sites e/ou instituições produtoras ou responsáveis por tais fontes.
Além disso, os pesquisadores obtiveram informações sobre este tipo de ferramenta através do contato com outros estudiosos da área de ciência da informação e/ou com pesquisadores africanos. “A noção de ‘africanidades’ adotada no presente trabalho leva em conta as pertinentes considerações de pesquisadores brasileiros, dedicados aos estudos das literaturas africanas de língua portuguesa e, também, da área da educação”, dizem os pesquisadores.
Segundo eles, “o tema é considerado razoável e relevante para os usuários interessados nessa temática e para os profissionais da informação que atuam, seja no campo da formação e disseminação de acervos, seja na pesquisa e geração de conhecimentos sobre fontes de informação que tratam a respeito da África”.
As fontes de informação coletadas foram organizadas em quatro categorias denominadas: 1) fontes de informação social e de humanidades; 2) fontes de informação de finanças, estatística e indicadores econômicos; 3) fontes de informação para o desenvolvimento ambiental sustentável e 4) fontes de informação em saúde. Abaixo as fontes encontradas pelos pesquisadores divididas por categorias:
CATEGORIA 1 – FONTES DE INFORMAÇÃO SOCIAL E DE HUMANIDADES
1) Africa Resources – Dag Hammarskjold Library: é um diretório de informações sobre a África indexada na Biblioteca das Organizações das Nações Unidas – ONU – Estados Unidos. Ela fornece acesso a uma variedade de recursos relevantes para qualquer pessoa interessada em fazer pesquisas sobre a África. Os conteúdos apresentados são: livros e publicações; revistas e bancos de dados; e recursos multimídias. Nele Alguns recursos estão disponíveis gratuitamente e on-line, outros recursos são disponibilizados por meio de assinaturas, e os demais estão disponíveis na Biblioteca, dentro da sede da ONU, em Nova York.
2) Africa-Wide Information: agrega 50 bancos de dados provenientes da África, Europa e América do Norte. Cobre quase 04 milhões de artigos de notícias, artigos de publicações acadêmicas, livros, relatórios, teses, citações e literatura cinza. Os registros incluem resumos de artigos e algum texto completo com indexação de palavras-chave para aprimorar a recuperação dos documentos, mas o acesso ao conteúdo completo é pago.
3) Portal de Memórias de África e do Oriente: oferece um catálogo que reúne referências de arquivos, centros de documentação, bibliotecas e documentos de instituições relacionadas com a temática de desenvolvimento e cooperação com os países africanos de língua portuguesa e da lusofonia em geral. Através de uma biblioteca e um arquivo digital, disponibiliza-se online e livre acesso referências bibliográficas de várias partes do mundo.
4) Slave Voyages – Banco de Dados do Tráfico de Escravos: é o resultado de várias décadas de pesquisas independentes e colaborativas, com base em dados encontrados em bibliotecas e arquivos de todo o mundo atlântico. Este memorial digital levanta questões sobre o maior comércio de escravos da história e oferece acesso à documentação disponível para respondê-las. Disponibiliza mais de 91 mil registros pessoais de Africanos.
5) Centro de Estudos Africanos (CEA/UFMG): o CEA/UFMG: mantém um acervo de obras produzidas, prioritariamente, por autores e editores africanos e afro-americanos. As obras têm sido adquiridas em diferentes países da África, como Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, e também da América, como Colômbia. Trata-se de acervo único no Brasil, com mais de 3 mil obras, que pretende servir como referência para pesquisadores interessados na história da África e da diáspora.
6) Coleção História Geral da África: – Programa Brasil-África: está disponível em língua portuguesa, além de já ter sido publicada nas línguas árabe, inglesa e francesa. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África. A coleção foi produzida por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos.
7) African Online Journals (AJOL): é a maior coleção online do mundo de periódicos acadêmicos, publicados pela África e revisados por pares. Sua missão é aumentar a visibilidade online, acesso e uso da produção científica publicada na África em apoio à pesquisa africana de qualidade e ao ensino superior. A AJOL fornece hospedagem online gratuita para mais de 500 periódicos revisados por pares de 31 países africanos. Mais da metade dos 100 mil artigos em texto completo no site estão em parceiros de periódicos de acesso aberto e podem ser baixados gratuitamente.
8) African American Biographical Database: é uma coleção eletrônica exclusiva de informações biográficas sobre afro-americanos, com mais de 40 mil itens de mais de 290 títulos. Do famoso ao cotidiano, o banco de dados inclui perfis e esboços de texto completo, fornecendo detalhes biográficos e narrativos que descrevem a vida dos negros americanos. Cada texto usado no banco de dados biográfico afro-americano foi totalmente digitalizado para que, além de procurar esboços biográficos específicos, seja possível o acesso direto a uma rica coleção de obras de referência afro-americanas, muitas das quais são obras raras.
9) African Education Research Database: foi criado como um banco de dados sobre a educação da África Subsaariana para facilitar o acesso a esse tipo de conteúdo e para os pesquisadores africanos publicarem seus trabalhos. O banco de dados inclui pesquisa em ciências sociais direcionada para a política e a prática educacional. Possui artigos revisados por pares, capítulos, teses e documentos identificados por meio de pesquisas estruturadas em bancos de dados acadêmicos e de literatura cinzenta.
CATEGORIA 2 – FONTES DE INFORMAÇÃO DE FINANÇAS, ESTATÍSTICA E INDICADORES ECONÔMICOS
10) African Business Guide – Library of Congress: concentra em fornecer acesso a uma coleção de recursos online de informações comerciais e financeiras africanas, principalmente no nível continental ou específico da região. A cobertura inclui diretórios gerais de negócios focados em informações sobre comércio internacional, financeiro, jurídico e de mercado, análise do setor, dados econômicos e estatísticos básicos do país, notícias de negócios e do setor, bolsas de valores e moedas e jornais especializados.
11) DataBank Africa- The World Bank: fornece um conjunto detalhado de dados sobre a África. Contém indicadores macroeconômicos, setoriais e sociais de 53 países africanos. Foi projetado para fornecer um conjunto confiável de dados sobre programas de desenvolvimento e fluxos de suporte na região. É uma ferramenta de referência inestimável para analistas e formuladores de políticas que desejam uma melhor compreensão dos desenvolvimentos econômicos e sociais que ocorrem na África.
12) Council for Scientific and Industrial Research (CSIR): a CSIR, cuja instituição responsável é a Biblioteca Mann da Universidade de Cornell, Ithaca, NY, nos Estados Unidos, é uma organização líder em pesquisa científica e tecnológica que desenvolve, localiza e difunde informações tecnológicas para acelerar a uma perspectiva de prosperidade socioeconômica na África do Sul. Desempenha um papel fundamental no apoio aos setores público e privado por meio de pesquisas direcionadas e alinhadas às prioridades do país.
13) Index to South African Periodicals (Sabinet): Indexado pela Biblioteca Nacional da África do Sul, o Sabinet cobre artigos indexados de mais de 900 periódicos sul-africanos. Os artigos publicados nesses periódicos são uma fonte importante de dados recentes. Esse índice fornece o acesso aos periódicos de qualidade, em uma variedade de formatos, para divulgar a pesquisa, apoiar o ensino e a aprendizagem da University of Fort Hare.
CATEGORIA 3 – FONTES DE INFORMAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL SUSTENTÁVEL
14) The Nordic Africa Institute: a biblioteca da The Nordic Africa Institute é especializada e disponibiliza obras direcionada ao campo das ciências sociais e de algumas disciplinas artísticas sobre a África Contemporânea. A coleção é composta por mais de 70 mil títulos em política, economia, história contemporânea, antropologia, literatura, ficção africana moderna, literatura de referência, jornais, revistas, livros eletrônicos, publicações oficiais, atlas e mapas.
15) The Essential Electronic Agriculture Library (TEEAL): é uma biblioteca digital que contém principalmente artigos disponibilizados em texto completo, focados na agricultura e nas ciências relacionadas a diversas regiões do mundo, dentre essas a África. Os títulos dos periódicos do TEEAL são considerados essenciais para a pesquisa e a educação de países em desenvolvimento. Os periódicos foram selecionados por análise de citação e revisados por cerca de 600 pesquisadores em todo o mundo. A instituição responsável é a Biblioteca Mann da Universidade de Cornell, Ithaca, NY, Estados Unidos.
16) The Mediterranean Ammophiletea Database: é um repositório que contém aproximadamente 10 mil espécies relevantes da bacia do Mediterrâneo, do lado do Atlântico Sul da Europa (Marrocos, Portugal e Espanha) e do Mar Negro. Esse banco de dados está registrado no Global Index of Vegetation Database (GIVD) e está disponível mediante solicitação no European Vegetation Archive (EVA).
17) African Plant Database: é um banco de dados que reúne os nomes de plantas africanas apresentando informações sobre: tipos nomenclaturais, sinônimos heterotípicos, informações sobre o gênero, família botânica e referências. A captura, a edição e a transmissão de dados são resultados de uma colaboração de South African National Biodiversity Institute, Conservatoire et Jardin botaniques de la Ville de Genève, Tela Botanica e Missouri Botanical Garden. Os dados são atualizados regularmente, seguindo a literatura.
18) The Northern African Natural Products Database (NANPDB): de responsabilidade do Instituto de Ciências Farmacêuticas e Bioinformática Farmacêutica, da Universidade de Freiburg, Alemanha, reúne informações sobre 4.500 produtos naturais bioativos do Norte da África. Os dados cobrem compostos isolados de plantas, com contribuições de algum endófito, por exemplo, corais, fungos e fontes bacterianas. Os compostos foram identificados a partir de 617 espécies-fonte, pertencentes a 146 famílias. O NANPDB pode ser útil para os esforços de descoberta de medicamentos, análise da bioatividade de compostos selecionados ou a descoberta de rotas de síntese para metabólitos secundários.
CATEGORIA 4 – FONTES DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
19) African Index Medicus Database (AIM): foi produzido para dar acesso à literatura africana e as fontes de informação em saúde publicadas sobre a África. O AIM (que indexa mais de 250 jornais africanos de saúde, mais de 1000 pesquisas de doutorado e mais de 16 mil publicações voltadas a área da saúde) promove as publicações africanas incentivando os escritores a publicar em seus periódicos nacionais ou regionais, enquanto cientistas e pesquisadores de países em desenvolvimento estão competindo pelo espaço de publicação nos poucos periódicos “prestigiados” existentes pelo mundo. Há uma riqueza de informações inexploradas em livros, relatórios e estudos de agências internacionais de desenvolvimento, organizações não governamentais e instituições locais.