Está rolando ato de resistência contra as contruções agora no Santuário dos Pajés. As pessoas ali presentes estão conseguindo estão evitando mais devastações ao cerrado e o avanço das obras instaladas. A Polícia Militar apareceu por lá e notificou o movimento de uma nova decisão judicial (a que saiu ontem à noite, até onde sabemos). Segundo a PM, essa decisão permite á Emplavi retomar suas obras. Após conversar com o movimento, a PM está aguradando a avaliação do comando policial para ver se vai agir contra a gente ou não.
Está confirmada a disposição da Emplavi de tocar as obras hoje. Tem dois tratores parados lá em frente, esperando o movimento se desmobilizar para dentrarem o cercado ilegal da Emplavi e trabalharem,
Apesar da apreensão em função da presença de tratores, seguranças e PM, o clima até o momento está tranquilo, sem nenhuma violência física registrada contra o movimento.
Pelo jeito será necessário fazer vigília o dia todo por lá ! Cabe agora a cada um dia nós, nos organizarmos para compormos essa escala de resistência !
Em mais um golpe a favor da especulação imobiliária, as construtoras Emplavi, Brasal e João Fortes, através da decisão do dia 24/10 da Juíza Selene Maria de Almeida, conseguiram derrubar a decisão judicial que impedia a continuidade de suas obras até o dia 27/10. A data foi estipulada pela juíza Clara Santos Mota para uma reunião com a Funai, visando esclarecer porque este órgão, supostamente de defesa das populações indígenas, se recusa a assinar o laudo antropológico, feito a seu pedido, e a instituir o Grupo de trabalho que inicie os estudos para demarcação da área dos Santuários dos Pajés. O citado laudo tem total apoio da Associação Brasileira de Antropologia (ABA).
A interpretação da Juíza Selene de Almeida é equivocada e indica que a área do Santuário dos Pajés é de 4 hectares, quando o laudo antropológico e a comunidade reivindicam no mínimo 50 hectares para para os ritos e costumes dos indígenas serem mantidos. A decisão fere os preceitos estabelecidos na Constituição Federal e o Direito Indígena. Ela permite somente a Emplavi a continuar a devastação acelerada do cerrado. As outras construtoras Brasal e João Fortes não podem continuar as obras, a não ser que consigam outra decisão judicial, o que não parece ser difícil. Uma área enorme de cerrado nativo pode ser novamente aniquilado por causa desta decisão.
Não cabe a Juíza definir o que é Terra Indígena. Cabe aos antropólogos que já iniciaram os estudos. Como tem sido sua prática recorrente, as empreiteiras devem aproveitar a brecha para continuar desmatando o cerrado e invadindo a área sagrada do Santuário, ainda que isso custe enfrentar mais uma vez a persistência indignada dos indígenas Fulni-ô e seus apoiadores e apoiadoras. Uma vez mais, estaremos mostrando que, diferente dos idealizadores e realizadores do Setor Noroeste, o bairro mais corrupto que a capital já viu, que dinheiro nenhum compra a resistência do santuário, trator nenhum atropela nossos sonhos e que a luta não para enquanto não derrubarmos mais esse projeto desumano.
Fonte: Santuário