Contra assédio no transporte, “Uber” só para mulheres chega a empresas

O aplicativo FemiTaxi lançou uma versão corporativa – e espera adicionar 140 mil reais ao seu faturamento neste ano com a inclusão do serviço

Socialite Narcisa Tamborindeguy em ação para o FemiTaxi: serviço possui mais de 40 mil passageiras cadastradas e mais de 5 mil motoristas (FemiTaxi/Divulgação)
 O FemiTaxi, aplicativo de mobilidade urbana que une passageiras e motoristas mulheres, acaba de expandir sua atuação: agora, empresas também poderão contratar o serviço para suas funcionárias.

“Decidimos criar o FemiTaxi corporativo porque, ao longo do nosso tempo de operação, recebemos em torno de 800 pedidos para oferecer uma opção corporativa. Recentemente adaptamos a nossa plataforma para atender essa demanda”, afirma Charles-Henry Calfat, CEO do FemiTaxi.

A novidade traz ao universo corporativo um alívio parcial diante de um problema que aflige muitas mulheres: o medo de assédio ao praticar um ato tão simples quanto se locomover. Se depender das estatísticas, o FemiTaxi e outros aplicativos de mobilidade urbana ainda possuem muita demanda a explorar.

Necessidade de mercado

ideia de negócio surgiu quando o administrador franco-brasileiro começou a ouvir, há três anos, reclamações de assédio de diversas amigas ao usarem serviços privados de transporte. Os problemas iam desde olhares invasivos pelo retrovisor até perguntas sobre se elas tinham namorado e sobre o número de celular – sem falar sobre o medo e a insegurança que elas sentiam quando o motorista resolvia fazer um caminho alternativo.

Calfat juntou o relato das amigas a algumas pesquisas sobre o tema. A cada segundo, uma mulher é vítima de assédio no Brasil. Na época, outra pesquisa também mostrou que 56% preferem ser conduzidas por motoristas também do sexo feminino. Com a proposta de dar mais conforto, segurança e tranquilidade para o público feminino, o empreendedor lançou o FemiTaxi em dezembro de 2016.

O FemiTaxi funciona de maneira similar a outros apps de transporte urbano: basta abrir a aplicação, colocar endereços de partida e destino e selecionar ou o serviço de taxistas ou de motoristas particulares, todas mulheres.

A cada corrida, uma taxa de 18% sobre o valor da viagem é redirecionada para a motorista particular, e de 10% a 11,9% no caso das taxistas. O ticket médio de uma viagem é de 29,50 reais. A ferramenta está disponível para Android e iOS.

Além do foco no público feminino, outro serviço diferencial do FemiTaxi é o de “crianças desacompanhadas”. Em troca de uma taxa adicional de 10 reais, a mãe pode agendar uma viagem a seu filho com uma motorista particular ou taxista de sua escolha na plataforma. A motorista usa o próprio celular para gravar o que se passa dentro do carro e envia um link de transmissão para a mãe, que acompanha em tempo real o trajeto.

O negócio começou em São Paulo, mas hoje já opera também em Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Goiânia, Rio de Janeiro e Santos.

Além de enfrentar gigantes como 99, Cabify e Uber, a FemiTaxi ganhou uma concorrência mais direta com o passar do tempo. O aplicativo Lady Driver, por exemplo, surgiu em março de 2017.

+ sobre o tema

Benedita anuncia Marcha das Mulheres Negras em novembro

A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) anunciou, em plenário,...

Site busca voluntários para atacar feministas com ácido sulfúrico

Administradoras da página Feminismo Sem Demagogia e familiares receberam...

Heineken é acusada de machista por promoção de sapatos na hora do futebol

As cervejarias gostam de mostrar mulheres exuberantes em seus...

‘Há ausência da Mulheres Negras nos espaços onde as Mulheres Brancas estão avançando’

Em entrevista, militante histórica do movimento negro fala sobre...

para lembrar

Grupo de drag queens é barrado em shopping da Zona Leste de São Paulo

Shopping Penha disse que foi 'fato isolado'. Professor de...

Angela Davis autoriza filme baseado em sua biografia

Angela Davis vai se juntar a "Estação Fruitvale" e...
spot_imgspot_img

Sueli Carneiro analisa as raízes do racismo estrutural em aula aberta na FEA-USP

Na tarde da última quarta-feira (18), a Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA-USP) foi palco de uma...

O combate ao racismo e o papel das mulheres negras

No dia 21 de março de 1960, cerca de 20 mil pessoas negras se encontraram no bairro de Sharpeville, em Joanesburgo, África do Sul,...

Ativistas do mundo participam do Lançamento do Comitê Global da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver

As mulheres negras do Brasil estão se organizando e fortalecendo alianças internacionais para a realização da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem...
-+=