Contratação de estagiários negros cresce 197% no 1º trimestre, mostra levantamento

Enviado por / FonteG1

Metas de diversidade em programas contribuem para crescimento no número de estudantes pretos e pardos contratados.

As iniciativas para reduzir a desigualdade racial no mundo corporativo já refletem na empregabilidade dos estudantes negros no país. É isso que mostra levantamento realizado pela Companhia de Estágios. As contratações de estagiários pretos e pardos praticamente triplicaram neste ano. Enquanto nos primeiros três meses de 2020, foram contratados 250 estagiários negros, no mesmo período deste ano o número saltou para 743, um aumento de 197%.

“Ainda que a pandemia tenha desacelerado a média de efetivação de estagiários de modo geral no mercado, os resultados do primeiro trimestre de 2021 são satisfatórios quando olhamos para a taxa de contratação de jovens negros e mostra que o indicador aumenta ano a ano, assim como a procura das empresas”, explica Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios.

Entre 2018 e 2019, o aumento na contratação de universitários negros foi de 96%. Quando o comparativo é feito com o biênio 2019-2020, o índice sobe para 150%.

Uma das explicações para este cenário é o crescimento de programas de estágio com metas de diversidade racial. Em 2017, 42% dos programas de seleção conduzidos pela Companhia de Estágios tinham metas de diversidade racial. No ano seguinte, em 2018, subiu para 61%. Alcançou 80% em 2019 e, no ano passado, os programas com metas de diversidade já correspondiam a 87%.

“Antes, as empresas se preocupavam em incluir pessoas com alguma deficiência nos programas de seleção. Isso mudou de forma acelerada e a preocupação hoje é atrair não só PCDs, mas negros, mulheres, pessoas mais velhas e o público LGBTQIA+. Há pouco tempo, esses temas nem entravam em pauta. Hoje, as discussões partem disso”, afirma Mavichian.

Perfil dos estagiários negros

O levantamento aponta que a maioria dos estagiários pretos e pardos é composta de mulheres (55%), moram no Sudeste (85%) e têm idade média de 23 anos — a mesma média etária dos estagiários brancos.

Depois do Sudeste, as que mais possuem estagiários pretos e pardos são Nordeste (6%), Norte (4%), Sul (3%) e Centro-Oeste (2%).

Além disso, 38% dos estagiários negros são oriundos de escola pública, número 111% maior do que em 2019, quando 18% estudavam em instituições municipais, estaduais ou federais.

Já o curso mais comum, tanto entre estagiários pretos quanto pardos contratados em 2020 é administração. Entre os estagiários autodeclarados pretos, destaca-se o curso de direito. Já entre os pardos, destacam-se as engenharias civil, de produção, mecânica e química.

Mudanças nas exigências

Muitas companhias têm repensado pré-requisitos e feito uma revisão em ideias pré-concebidas para eliminar vieses e distorções.

O levantamento da Companhia de Estágios aponta, por exemplo, que as organizações estão contratando mais jovens sem experiência prévia. Em 2018, apenas 6% dos negros começavam a estagiar sem ter experiência no currículo. Em 2020, este número já era de 19% — um aumento de 217% em três anos.

“Os programas de estágio e trainee são uma importante porta de entrada para talentos negros no mercado de trabalho. Para incluir este público é fundamental rever os pré-requisitos que historicamente os excluem. Em vez de exigir inglês, Excel e faculdades renomadas no currículo, por exemplo, deve-se focar nas competências comportamentais, avaliando fit cultural, história de vida, comprometimento e disposição para aprender, aspectos importantíssimos para o sucesso de um profissional e que não se ensina em cursos”, ressalta Mavichian.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Isso é importante, segundo o CEO da Companhia de Estágios, porque algumas desigualdades, como nível de inglês e Excel, ainda persistem. O número de negros aprovados com inglês avançado é menor do que o de brancos: 33% dos pretos aprovados afirmam ter inglês avançado, contra 54% dos brancos. O mesmo acontece com Excel: entre os contratados pretos, 17% tinham conhecimento avançado da ferramenta, ante 23% dos brancos.

Os dados do levantamento sobre estagiários negros no Brasil da Companhia de Estágios foram coletados a partir de uma base de 3.347 estudantes negros, contratados entre 2018 a 2020. A pesquisa usa a mesma classificação de “cor ou raça” do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que o termo negros se refere à soma das populações preta e parda.

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