Cooperifa participa de Semana da Literatura Marginal em Berlim

Sérgio Vaz leva poesia da Cooperifa, coletivo do Capão Redondo, zona sul de São Paulo, a evento na Alemanha 

Por Tainã Mansani, de Berlim

“Com licença, vou ler a minha poesia do modo como eu faço lá na mesa do bar.” Assim estreou nesta terça-feira (22), na Embaixada do Brasil em Berlim, o poeta e ativista cultural Sérgio Vaz, recitando um dos seus poemas sobre a vida na periferia de São Paulo para uma plateia com cerca de cem pessoas.

A apresentação inaugurou a semana de atividades que acontecem entre os dias 22 e 31 de maio, nas cidades alemãs de Berlim, Hamburgo e Colônia. O título do evento de abertura foi “Antropofagia periférica: a periferia no centro”. Além de Sérgio Vaz, também participaram do evento com suas poesias as integrantes do coletivo Cooperifa (Cooperação Cultural da Periferia) Lu Souza e Luciana Silva.

“A minha poesia vem das ruas que os anjos não costumam frequentar”, afirmou Sérgio Vaz durante o evento. A frase é também uma alusão ao fato de que a produção literária que vem das periferias não é aceita como literatura no Brasil. É o que considera uma das idealizadoras do evento, a alemã Ingrid Hapke.

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Auditório da Embaixada do Brasil em Berlim lotado na Semana da Literatura Marginal (Foto. Tainã Mansani)

Para ela, que estudou a Literatura Marginal em sua tese de doutorado, e viveu em São Paulo para acompanhar a produção desse grupo, as críticas aos textos são afirmações feitas a partir da perspectiva de uma estética tradicional. “A complexidade das múltiplas linguagens artísticas e a inserção desse movimento num campo cultural mais amplo não são considerados”, afirma.

A semana da Literatura Marginal acontece no mesmo ano em que o Brasil é o país convidado especial da Feira do Livro de Frankfurt, um dos maiores encontros literários da Alemanha e do mundo, a ser realizado em outubro de 2013. Ingrid Hapke considera, no entanto, que a Literatura Marginal para esses eventos é vista mais como a “exceção exótica”.

Mas visibilidade na esfera pública é uma das maiores conquistas do coletivo, afirma o alemão Mário Schenk, que também escreveu a sua tese entre idas e vindas à Cooperifa de São Paulo. A representação política dos seus autores tendo a literatura como instrumento é algo inovador e chama atenção do público alemão.

O encerramento da semana de eventos acontecerá com o sarau “Cruzando palavras. São Paulo encontra Berlim”, no dia 31 de maioA semana de atividades na Alemanha conta com a organização do coletivo Urban Atitude e também com o apoio da Fundação Heinrich Böll.

 

 

Fonte: Revista Fórum

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