Copa do mundo: esperamos novos campeões nas jogadas de prevenção!

A Copa do Mundo avança na Rússia para as oitavas de final, e como muito bem reportado pela Agência de Notícias da Aids, das 32 seleções que até aqui chegaram, só 16 seguem na competição.

Por Fábio Mesquita, do Agência AIDS

Foto: Cláudia França /D-DST/AIDS

Algumas delas já vinham perdendo a luta contra a aids há bastante tempo, e agora perderam também a chance de continuar na Copa do mundo.

O diretor da organização internacional AHF, Beto de Jesus, mencionou em um excelente artigo escrito para essa agência, sobre as inúmeras possibilidades que podemos explorar para promover a mobilização de homens e mulheres de todas as idades a fim de promover mensagens de prevenção.

Algo parecido e muito bem sucedido, aconteceu na Copa de 2014 no Brasil. À época, o Unaids, junto ao governo do Brasil promoveu a campanha Proteja o Gol, que mobilizou todas as cidades sedes dos jogos, a fim de promover prevenção.

Hoje, a principal intervenção do Unaids na Copa do Mundo é no sentido de promover os princípios da iniciativa “Zero Discriminação” que conta com o apoio da Federação Russa de Futebol e o espírito de utilizar o esporte como ferramenta para alcançar mais pessoas para a luta contra a aids é o mesmo.

Dos 16 países que chegaram a esta nova etapa, destaco o papel brilhante da Federação Argentina de Futebol, que fez um verdadeiro gol de placa ao alertar, antes mesmo da Copa começar que a homofobia na Rússia deveria ser repelida.

É também muito interessante ver durante os jogos mundiais, inúmeras matérias mostrando ambientes frequentados pelo público LGBTQ+ em Moscou, deixando nítido que “discurso de autoridade” nem sempre condiz com a vida real (nesse caso, felizmente).

Verdade que a mesma imprensa comeu bola ao não mostrar a ausência de políticas de redução de danos no país, onde não há acesso à seringas ou clínicas de metadona para pessoas que injetam heroína no país sede.

Lembrando que o uso de drogas injetáveis é a principal causa para o avanço da epidemia de HIV naquele país.
Até aí nada de novo sob o sol. Infelizmente há quase um consenso em se negligenciar descaradamente a situação das pessoas que usam drogas.

Os outros quinze países que seguem na Copa (Uruguai, Espanha, Portugal, França, Dinamarca, Argentina, Croácia, Brasil, Suíça, Suécia, México, Japão, Inglaterra, Colômbia e Bélgica) têm um perfil epidemiológico semelhante: epidemias concentradas em populações chaves, sobretudo em jovens homens que fazem sexo com homens.

Este é o perfil da epidemia de nossos dias, fora da África Subsahariana, onde meninas jovens predominam nas epidemias, ou no leste da Europa, onde como já mencionei, ainda predominam o compartilhamento de agulhas e seringas.

Não obstante o fato de que eu gostaria de ver a sexta estrela do Brasil em 2018 (como fã de futebol que sou), estou mais curioso para saber quem em 2030, vai levantar a taça de Campeão Mundial de cumprimento das metas da ONU de eliminar a aids como problema de Saúde Pública (ODS-3), mostrando quem de fato se preocupa com seu povo.
Hoje eu apostaria na Dinamarca, mas 2030 está longe e os outros 15 ainda podem se recuperar.
Neste caso, idealmente, não seria ótimo termos vários campeões?

* Fábio Mesquita é médico, doutor em Saúde Pública, Palmeirense, e trabalha no escritório central da OMS em Genebra no Departamento de HIV e Programa Global de Hepatites Virais.

+ sobre o tema

Educação em direitos humanos ainda é desafio no País

    Apesar de alguns avanços conquistados pela sociedade brasileira, como...

Fiesp recebe ministra da Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros

Na casa da indústria, ministra tratou de projeto de...

Neto de Jango é médico da família na Rocinha

João Marcelo Goulart nasceu no mesmo dia que o...

Doença falciforme é tema de audiência que o Senado realiza nesta manhã

Acontece neste momento, na sala 9 da Ala Alexandre...

para lembrar

Sociedade Brasileira de Mastologia cobra campanhas para aumentar mamografias

O Brasil tem número suficiente de mamógrafos. Apesar disso,...

São Paulo é sede da 1ª Conferência Livre Infanto-Juvenil de Comunicação

Fonte: Mobilizadores da Rede de Comunicação     São Paulo será ponto...

MP investiga regime de semiescravidão em canaviais em Campos

Fonte: G1- Agentes encontraram 96 pessoas em condições irregulares.Nenhuma...

Getúlio Vargas, Lula e os direitos trabalhistas

Ex-presidente alerta que projeto de terceirização faria país retroceder...
spot_imgspot_img

Estudo relata violência contra jornalistas e comunicadores na Amazônia

Alertar a sociedade sobre a relação de crimes contra o meio ambiente e a violência contra jornalistas na Amazônia é o objetivo do estudo Fronteiras da Informação...

Brasil registrou 3,4 milhões de possíveis violações de direitos humanos em 2023, diz relatório da Anistia Internacional

Um relatório global divulgado nesta quarta-feira (24) pela Anistia Internacional, com dados de 156 países, revela que o Brasil registrou mais de 3,4 milhões...

Apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe

Dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 22% do público-alvo se vacinou contra a gripe. Até o momento, 14,4 milhões de doses foram...
-+=