Autoridades britânicas estão investigando alegações de que o corpo de um homem morto quando estava sob custódia da polícia reapareceu em um necrotério dez anos depois de supostamente ter sido enterrado.
Em 1998, o ex-soldado paraquedista Christopher Alder, 37 anos, foi levado a um hospital depois de ser ferido em uma briga do lado de fora de um hotel na cidade de Hull, no nordeste da Inglaterra. Detido no hospital por suposta perturbação da paz, Alder foi levado à delegacia, algemado, mesmo inconsciente, e levado a uma cela, onde foi encontrado morto.
Na época, o caso teve grande repercussão no país e quatro policiais foram acusados de “racismo involuntário”. Mas agora, o Conselho Municipal de Hull disse que o corpo de Alder foi encontrado em um necrotério em Hull, no lugar em que deveria estar o corpo de uma mulher negra.
A irmã de Alder, Janet, afirma que a família está “chocada e horrorizada” com a situação. “Estou em total choque”, disse ela à BBC. “Eu realmente não posso acreditar que, depois de tudo por que nós passamos, depois de tudo por que a família passou, possa haver tanta incompetência”, afirmou Janet. “Isso parece ser desprezo. Isso é como adicionar insulto aos prejuízos já causados quando você está tentando tocar a sua vida adiante.”
O Conselho Municipal de Hull diz estar “horrorizado e perturbado” com o erro. “Na sexta-feira, 4 de novembro de 2011, o Conselho Municipal de Hull foi notificado de uma situação relacionada com o corpo de um homem, com mais de 30 anos, localizado no necrotério da cidade”, afirmou o Conselho Municipal de Hull em um comunicado.
“O corpo estava no túmulo onde Grace Kamara foi registrado como sepultado. No momento, não podemos explicar isto”, diz a nota do Conselho. “Enquanto Grace Kamara morreu de causas naturais em 1999, o seu enterro, pago pelo Conselho, foi, por razões familiares, somente possibilitado na sexta-feira (passada). Ele foi imediatamente adiado”, afirma o comunicado.
“O Conselho Municipal de Hull está horrorizado e perturbado com o que foi notificado”, diz o comunicado. Segundo ele, uma investigação está sendo conduzida junto com a fundação que administra os hospitais públicos de Hull e East Yorkshire.
“No momento, a nossa principal prioridade é informar e apoiar os familiares daqueles afetados. Esperamos que mais informações sejam disponibilizadas posteriormente”, afirma a nota do Conselho Municipal.
Morte trágica
A morte sob custódia de Alder provocou investigações em 2006 por duas comissões independentes. Uma descobriu um erro nas informações compartilhadas entre a equipe do hospital que atendeu o paraquedista e a polícia, e pediu uma maior cooperação.
A outra, realizada pela Comissão Independente de Reclamações da Polícia (IPCC, sigla em inglês), concluiu que quatro policiais eram culpados pela “mais séria omissão do dever” em relação à morte. A IPCC acusou os policiais de “racismo involuntário”.
Em 2002, cinco oficiais de polícia do condado de Humberside tinham sido julgados pelo caso, acusados de homicídio e má conduta no exercício de dever público. Eles foram absolvidos de todas as acusações.
Fonte: BBC