Crise faz Serra trocar vice e escolher indicado do DEM

Deputado Indio da Costa, 39, foi definido na última hora e não era cotado

Escolha levou em conta necessidade de crescer no Rio, 3º maior colégio eleitoral, e foi definida com aval do marketing

Para conter a maior crise de sua campanha, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, recuou e aceitou, na madrugada de ontem, a indicação de um democrata para sua vice: o deputado federal Indio da Costa (RJ), 39, nunca antes cogitado para o posto.

Serra transigiu na sigla. Mas não no nome -o de Indio da Costa, segundo participantes da reunião, foi apresentado por ele ao DEM.

 

O tucano bateu o martelo às 14h30 de ontem, em sua casa, após quatro encontros que consumiram 16 horas de negociações com o DEM.

Desde a última sexta-feira o candidato vinha tentando convencer o partido aliado a aceitar o nome do senador tucano Alvaro Dias (PR), anunciado para a vaga.

O nome de Indio surgiu de um perfil traçado na casa de Serra, na madrugada de ontem, no qual ficou definido que o vice deveria ser jovem e com base eleitoral em Minas Gerais ou no Rio de Janeiro, os dois maiores colégios eleitorais depois de São Paulo.

Também pesou a favor de Indio o fato de ter sido relator do projeto Ficha Limpa.

O coordenador de comunicação da campanha tucana, Luiz Gonzalez, foi decisivo para sua escolha.

 

PADRINHOS
A decisão por um nome sem expressão nacional e ausente da lista de cotados surpreendeu até íntimos colaboradores de Serra. Logo após a reunião, tucanos evitavam detalhar a escolha, produto de uma aposta na melhoria de imagem da chapa.

Indio não constava da lista apresentada pelo DEM. Nela, figuravam José Carlos Aleluia (BA), Valéria Pires Franco (PA), e Carlos Melles (MG).

Analisados numa reunião encerrada às 5h20, com a presença de Aécio Neves, os nomes de Aleluia e Valéria foram descartados sob o argumento de que o vice deveria ser do Sudeste.

À tarde, em nova reunião, Serra sugeriu o nome de Índio, alegando que preferia um deputado da nova geração. O próprio Indio se disse surpreendido com a escolha.

Ele estreou na campanha com um discurso divergente do adotado por Serra, que evita atacar o governo Lula.
“Essa candidatura é para quem quer dizer não ao que está acontecendo no país”, discursou após ter seu nome aprovado ontem em Brasília.

A definição aconteceu por influência de Rodrigo Maia e de seu pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, que lançou o deputado na vida pública. Indio fez um “agradecimento especial” aos dois.

Serra reconheceu que ficou impraticável para o PSDB manter Alvaro Dias.

O estopim foi o fato de o irmão dele, Osmar Dias (PDT-PR), ter decidido se candidatar ao governo do Paraná, dando palanque para Dilma Rousseff (PT). Ele havia se comprometido a não disputar caso o irmão fosse vice.
“Tínhamos uma proposta de alguém preparado, que envolvia determinada contribuição política no Estado. Isso perdeu vigência. Então procuramos outro nome”, afirmou Serra, que se disse “surpreendido” com a posição de Osmar.

O tucano afirmou conhecer Indio “há algum tempo”, embora tenha relatado um único encontro em que “tiveram a oportunidade de tirar fotografia” e o classificou como “um político da nova geração, jovem, mas que tem experiência”. (CATIA SEABRA, BRENO COSTA, ANDREZA MATAIS, RANIER BRAGON E VALDO CRUZ)

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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