Cumbia chega ao país com mistura eletrônica

Tradicional ritmo latino-americano sai da periferia para ir a bairros nobres

Integrante de um dos principais grupos argentinos fala sobre as comparações com o “primo” funk carioca

Por THIAGO NEY, da Folha de S. Paulo 

A cumbia está para Buenos Aires como o funk carioca está para o Rio de Janeiro. A comparação é um bom ponto de partida para tentar entender esse tradicional ritmo dançante latino-americano que começa a ser difundido pelo Brasil. Um dos primeiros embaixadores da cumbia no Brasil foi o atacante argentino Tevez, que em 2005 comemorava seus gols no Corinthians com os característicos passos da dança.

Como muitos jovens saídos das regiões pobres da capital argentina, Tevez tornou-se fã do gênero -é, inclusive, integrante de um grupo musical que interpreta canções típicas. Se o funk carioca saiu das favelas do Rio para ganhar clubes da zona sul, a cumbia partiu da periferia da capital argentina para ser ouvida em bairros nobres de Buenos Aires.
Para fazer essa viagem às novas pistas de dança, a cumbia ganhou acompanhamento de ritmos eletrônicos como electro, rap e até do “primo” funk carioca. Um dos principais representantes dessa “nova cumbia” são o trio Zizek e o duo Fauna -este último se apresenta hoje em São Paulo, acompanhado de Villa Diamante, um dos integrantes do Zizek.

{xtypo_quote}A cumbia é um ritmo muito popular na Argentina, ouvida principalmente por pessoas mais pobres. Há preconceito. Muita gente de classe média tem vergonha de dizer que escuta cumbia”,{/xtypo_quote} conta Diego Bulacio, 29, o Villa Diamante. Bulacio formou o Zizek (nome em homenagem ao filósofo esloveno Slavoj Zizek) em outubro de 2006 com dois amigos: DJ Nim e Grant C. Dull.

Desde o ano passado, o trio vem ultrapassando as fronteiras latino-americanas: já tocaram no festival Coachella (EUA), México, Europa e estão escalados para o Roskilde (evento dinamarquês que ocorre em julho). O trio tem como marca misturar a cumbia com funk carioca e electro. “Em Buenos Aires, quando criamos o Zizek, os clubes eram temáticos: tocavam rock, tecno ou cumbia, sempre apenas um desses ritmos.

Com o Zizek, queremos um espírito livre, em que vamos da cumbia para o hip hop, reggaeton, dubstep, funk carioca”, diz. Bulacio aprova as comparações com o funk carioca: “Já convidamos [para tocar em Buenos Aires] gente como [a cantora] Deize Tigrona. Os dois ritmos são parentes, pois são bem dançantes. O funk faz você pular, enquanto a cumbia é apropriada para dançar de forma mais lenta. E ambos têm raízes nos bairros pobres. Sempre dizemos que a cumbia é o funk carioca de Buenos Aires -e vice-versa.”

Para conhecer a nova cumbia, vá ao www.zzkclub.com/.

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