Pablo G. Malanta é colunista do jornal Meia-Noite, veículo da Rede Baita Sol, de Palomas, cuja linha editorial se destaca pelo bairrismo e pela defesa esporádica do racismo e da homofobia como valores da tradição gaudéria.
por Juremir Machado da Silva no Correio do Povo
A defesa do machismo é permanente.
O jornal Meia-Noite é famoso pela manchete: “Nenhuma vítima de bombacha no tsunami da Indonésia”.
Em 2014, Meia-Noite e Rede Baita Sol não viram racismo no episódio em que a torcedora do Grêmio chamou o goleiro Aranha, do Santos, de macaco. Também não viram homofobia na pressão, que acabou em incêndio criminoso, para não acontecer um casamento gay num Centro de Tradições Gauchescas de Santana do Livramento. Também não viram, contrariando a opinião pública internacional, qualquer arbitrariedade de parte de Israel na Faixa de Gaza.
O lema da Rede Baita Sol é fazer média com o mediano.
Preconceito vira bom senso, valores familiares e senso comum passado de geração em geração.
Pablo G. Malanta tem esse apelido por ser a única anta mala a se achar genial.
Na sua última defecada, Malanta descreveu Punta del Este como um paraíso no inferno uruguaio. Por que o Uruguai é um inferno? Malanta não explicou. Mas apresentou as qualidades do paraíso: bons pêssegos, beleza natural e ausência de uruguaios. Por que não ter uruguaios é uma qualidade? Malanta também não explicou.
Xenofobia dispensa explicações.
Ao final, destacou que Punta del Este não tem negros e que se estabeleceu uma segregação racial sem violência.
Malanta justapôs essa afirmação como uma descrição. Não estabeleceu um nexo causal explícito do tipo Punta é um paraíso por não ter negros. A lógica do texto, porém, era mesmo de justaposição, cada elemento acrescentando uma camada à precedente sem a necessidade de conectivos. Falar em segregação racial sem violência subentende algo positivo, pois negativo, ou seja, pior, seria com violência. Para bom entendedor, meia asneira basta…
Malanta pediu desculpas.
Disse que não pretendia ser racista. Na verdade, queria, como sempre, aparecer. Não é inteligente o suficiente para ter feito a justaposição sem conectivos para provocar uma confusão e poder se defender dizendo que só descreveu.
Malanta escreve mal. Atrapalhou-se com a lógica da construção do texto. Deixou vir à tona o seu preconceito. Na sua defesa, aparece que ele é casado com uma negra. Nossos senhores de escravos adoravam suas negras.
Eu, cronista do b em Palomas, nunca vou a Punta del Este. Estive lá num bailão brega-chique em que os convidados vestiam-se como pinguins e tocava sertanejo pré-universitário. Não voltei. Vou ao Rio de Janeiro e ao Nordeste. Gosto de praia com negros, pardos, brancos, pobres, ricos, todos misturados, tudo se confundindo e vibrando em comum. Em Punta, a reunião da elite branca gaúcha “que se acha” me provoca ânsia de vômito.
Não convivo bem com mais de três lacerdinhas por metro quadrado.
Preconceito? Sofisma. Preconceito é chamar negro de negrão, não chamar alemão de alemão.
O preconceito exige uma relação de dominação histórica e de humilhação consolidada.
Será que Pablo Malanta, num ato falho, revelou a razão que leva parte de tantos gaúchos a Punta del Este?
Foi uma mescla de incompetência, senilidade, vontade de aparecer, arrogância, incapacidade de escrever bem, racismo incontido e estupidez. Não faz muito, Malanta teve uma briga com um colega na Rádio Gaudéria.
– Vai gritar com tua mãe – atacou.
– Tua mãe, filho da puta – replicou o ofendido.
Como punição, Malanta passou a ter espaço dominical, visto que não tem mais fôlego para escrever diariamente, no obscurantista Meia-Noite. O outro, o provocado, com seu pé na África, foi demitido sumariamente.
Racismo e homofobia na Rede Baita Sol não geram sanções. Só distinção.
Afinal, são valores da tradição local.
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