Hoje vamos debater a matéria publicada por Danilo Santos:
“O papel da mídia na difusão do racismo e o silêncio acadêmico”.
Em http://camanducaiahistory.blogspot.com.br/2014/09/o-papel-da-midia-na-difusao-do-racismo.html
Em primeiro lugar quero cumprimentar o autor e todos que reproduziram a matéria. Alai Online, Geledés e muitos outros.
Na minha opinião ela contem alguns elementos para um bom debate. Exatamente por explicitar o desejo e as dificuldades para debater a discriminação racial.
A invisibilidade do discriminador, no caso o racista, é um aspecto decisivo para a dificuldade. Podemos dizer, simplificando, que a questão das discriminações seria um tipo enfrentamento.
O discriminador ataca o discriminado através da Conduta Discriminatória (CD). E consequentemente o discriminado passa a ter um sofrimento mental e/ou fisico.
Constatamos que o discriminado, até agora, reagiu a este ataque criando duas instâncias de defesa.
Organizou-se em grupos ao qual se juntaram seus simpatizantes:Organizações governamentais e Organizações não governamentais.
E conseguiu, através de pressão social e política, que o direito criminalizasse algumas CD. Como em qualquer enfrentamento é necessário conhecer o oponente.
Sem essa premissa, o debate é praticamente impossível.
E também só o (re)conhecendo, ele poderá ser enfrentado, neutralizado, denunciado.
Mas até agora não se tem um perfil/definição de quem é o discriminador. Antes de agir (CD) de forma criminosa ele consegue se manter invisível.
Não é conhecido pela sociedade e pode ter uma aparência de uma pessoa insuspeita.
Mas já é um discriminador. E enquanto ele não for conhecido/definido pelo meio acadêmico não teremos um debate razoável, sério.
E não poderemos prevenir as ações dos discriminadores.
Como agir contra um agente de sofrimento humano que se mantém invisível?
A CD e o conseqüente sofrimento mental e/ou físico do discriminado é uma questão de Saúde Pública/Mental.
E prevenção faz parte do enfrentamento a qualquer agente causador de sofrimento humano.
Creio que a discussão do tema seria melhor se todas as mídias interessadas introduzissem uma nova pauta.
Pressionar o meio acadêmico, as ciências médicas, psicológicas, psicanalíticas, etc., para definir o discriminador.
Para que elas se apropriassem do estudo das Condutas Discriminatórias como a Ciência Jurídica já o fez.
E todas mídias inclui as ligadas aos grupos discriminados: numerosas, combativas e bem organizadas.
Agindo assim ainda enfrentariam a falácia do “coitadismo exacerbado”.
Nada melhor, para isso, do que uma atitude pró-ativa contra o discriminador.
Telmo Kiguel
Médico Psiquiatra
Psicoterapeuta
Fonte: Saúde Pública