Defensoria Pública atende 64 vítimas de racismo

Sessenta e quatro vítimas de preconceito racial foram atendidas este ano pelo Núcleo Especializado no Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Na avaliação da coordenadora do núcleo, Maíra Coraci Diniz, o número é alto, tendo em vista que órgão tem apenas dois anos de funcionamento e sua atuação ainda está restrita à capital paulista. “E também porque antes não tínhamos dado ou levantamento sobre essa procura nem um serviço especializado nessa área”, disse ela, hoje (12), durante o Seminário Justiça e Igualdade Racial, em São Paulo.

De acordo com Maíra, o objetivo do seminário é divulgar o trabalho da Defensoria Pública para que as pessoas conheçam seus direitos e saibam poderão apresentar recorrer ao órgão para apresentar denúncias de discriminação. “A temática do racismo volta à tona constantemente. Ou porque foi contra um nordestino ou porque ocorreu no futebol. E sempre se discute de maneira muito superficial. Nunca na essência, seja em relação às políticas públicas ou à aplicação da lei”.

Durante o seminário, foi estabelecido convênio entre a Defensoria Pública e o Instituto do Negro Padre Batista para atendimento jurídico e psicológico às vítimas de discriminação racial e social. Maíra ressaltou que há hoje uma criminalização dos jovens negros da periferia e é preciso discuti–la, já que inconscientemente a maioria das pessoas tem essa postura racista. “Precismos discutir isso e quebrar esse tabu, reafirmando as identidades, as culturas e a garantia dos direitos.”

A psicóloga do departamento jurídico do Instituto Negro Padre Batista, Maria José de Assis Souza, disse que o atendimento psicossocial é extremamente importante para o negro que sofre discriminação, porque essa situação sempre é desconcertante e traz transtornos e danos para o indivíduo. “Não é só prejuízo para a pessoa, mas para o seu entorno. A família se ressente e também é prejudicada. E de forma geral a sociedade que também perde com a discriminação. Perde em cidadania, direito, valores.”

O presidente do Fórum de Sacerdotes da Matriz Afrobrasileira do Estado de São Paulo, Eduardo Brasil,que participou do painel O Combate à Intolerância Religiosa, afirmou que o tema é inerente e natural ao ser humano e precisa ser combatido. Entretanto disse que o combate é praticamente inexistente no país porque há muitos fatores contrários. “Não se vê, por exemplo, divulgação de cerimônia afrobrasileira na televisão. Calamos muito tempo e agora resolvemos falar e reclamar, denunciando e exercendo o papel de cidadão.”

Fonte: Pernambuco

+ sobre o tema

Iza faz show em live para anunciar gravidez: ‘Parece que o mundo já mudou de cor’

A cantora Iza está grávida de seu primeiro filho....

Foi a mobilização intensa da sociedade que manteve Brazão na prisão

Poucos episódios escancararam tanto a política fluminense quanto a...

Selo Sesc lança Relicário: Dona Ivone Lara (ao vivo no Sesc 1999)

No quinto lançamento de Relicário, projeto que resgata áudios...

para lembrar

Ator é vítima de racismo durante espetáculo:’Isso não pode ficar impune’

Uma espectadora interrompeu a peça e deu uma banana No...

Racismo filho do fascismo

A luta para acabar com as repetidas manifestações de...

Minas registra um novo caso de racismo a cada 22 horas e 16 minutos

Expressivo, número de crimes raciais levados aos tribunais está...

Estudantes do Congo acusam Brigada Militar de racismo no Rio Grande do Sul

Africanos acusam BM de racismo e constrangimento por Jessica...
spot_imgspot_img

Quanto custa a dignidade humana de vítimas em casos de racismo?

Quanto custa a dignidade de uma pessoa? E se essa pessoa for uma mulher jovem? E se for uma mulher idosa com 85 anos...

Unicamp abre grupo de trabalho para criar serviço de acolher e tratar sobre denúncias de racismo

A Unicamp abriu um grupo de trabalho que será responsável por criar um serviço para acolher e fazer tratativas institucionais sobre denúncias de racismo. A equipe...

Peraí, meu rei! Antirracismo também tem limite.

Vídeos de um comediante branco que fortalecem o desvalor humano e o achincalhamento da dignidade de pessoas historicamente discriminadas, violentadas e mortas, foram suspensos...
-+=