- O país demonstra sinais de mudança positiva, mas é necessário manter vigilância constante
- A maioria dos brasileiros é antiautoritária, sinal disso é o aumento da rejeição ao projeto de anistia aos golpistas
Na semana do aniversário da Constituição Federal de 1988, os brasileiros e as instituições que compreendem e reconhecem a importância da preservação do Estado Democrático de Direito merecem parabéns por se manterem “dentro das quatro linhas” da Carta que é pilar da democracia no Brasil.
Marco da redemocratização, a Constituição Cidadã introduziu uma série de conquistas sociais e políticas, direitos, e inovações fundamentais, como o Sistema Único de Saúde; A universalização do ensino; A garantia de eleições regulares; O voto direto; O enquadramento do racismo como crime inafiançável e imprescritível; O reconhecimento e posse das terras tradicionalmente ocupadas por indígenas e quilombolas; O código de defesa do consumidor…

A resposta tenaz por meio das investigações e da punição dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 (também chamados de “Intentona Bolsonarista”, numa alusão à tentativa de golpe de 1935, durante o governo constitucional da Era Vargas (1930/1945)) é evidência contundente de que a nação se importa com o respeito à Constituição, e está preparada para enfrentar ataques aos princípios democráticos que ela representa.
A maioria de nós, brasileiros, demonstra ser antiautoritária. Sinal disso é o aumento da rejeição popular ao projeto de anistia aos golpistas. Às vésperas dos 37 anos da CF, o percentual de brasileiros contra o perdão aos participantes do 8 de janeiro aumentou de 51% em março para 64% em setembro – crescimento de 13 pontos. Ao mesmo tempo, entre os apoiadores da anistia houve queda de 37% para 27%. (PoderData).
Se para bom entendedor, meia palavra basta, não é exagero dizer que o povo está dando um recado claro aos parlamentares empenhados em garantir a votação a toque de caixa do projeto que anistia os condenados por atos antidemocráticos. Tudo indica que o país está mudando. Para melhor. Mas é preciso estar atento e forte para impedir retrocessos. A democracia agradece.
Ana Cristina Rosa – Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)