Recebi esta nota de um estudante de Geografia da USP. O fato é grave e merece rigorosa apuração
O estudante de música da USP, Wadmir Barros, conhecido como Wadi, de 24 anos, foi espancado por jogadores do time de basquete da Escola Politécnica no dia 12 de agosto, nas dependências do Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP). A vítima afirma que a agressão foi motivada por racismo por ele ser de Cabo Verde.
Segundo relato de Wadi, ele estava treinando sozinho na quadra 1 do Cepeusp quando a equipe de basquete da Politécnica chegou e exigiu a sua retirada. Alegando que tinha chegado primeiro, o estudante de música negou-se a retirar e propôs a divisão da quadra, proposta que não foi aceita pelos alunos da Poli. No meio da discussão acalorada, um dos jogadores do time de basquete chutou a bola para fora da quadra. Nervoso, Wadi revidou chutando o rapaz e foi agredido por vários outros jogadores que partiram para cima dele com socos e pontapés.
Testemunhas disseram que os seguranças do Cepeusp apenas ficaram olhando e nada fizeram. Segundo Wadi que os questionou sobre este comportamento, eles disseram que não podiam fazer nada porque eram muitos.
O estudante de música passou por exames no Hospital Universitário e foi medicado.
Protestos
Uma semana depois, no dia 19, cerca de 25 estudantes negros da universidade fizeram um protesto na quadra, impedindo o time de basquete da Politécnica de treinar e exigindo uma retratação formal da direção da Atlética da faculdade. Na nota de retratação redigida manualmente na quadra, a direção da Atlética diz que Wadi tentou agredir um dos jogadores mas reconheceu que seus jogadores o agrediram em grupo.
Durante o protesto, a Guarda Universitária e os vigilantes do Cepeusp foram chamados para exigir a saída dos manifestantes. Tiago Ferreira, estudante de Geografia que estava no local ficou revoltado com a postura da segurança da universidade que só agiu em benefício dos jogadores da Politécnica mas nada fez quando o estudante de Cabo Verde foi agredido.
Os seguranças do Cepeusp afirmaram que relataram o fato no Livro de Ocorrências mas que para conseguir o relato é preciso uma solicitação formal à chefia. Já a Guarda Universitária informou que registrou as duas versões do caso mas não compete a ela dar prosseguimento à ocorrência.
Os estudantes negros da universidade que estiveram no protesto informaram que levarão o caso para a Assembléia Geral dos Estudantes da USP no dia 20 de agosto e exigirão uma investigação do caso.
Por: Dennis de Oliveira
Fonte: Revista Forum