Derrube muros!

Por Fernanda Pompeu

Você conhece a cena dos condomínios fechados. Casas parecidas umas com as outras. Crianças parecidas umas com as outras. Adolescentes resmungando aparelhos nos dentes. Vizinhos desconfiando dos que estão do outro lado das grades vigiadas por um guarda e uma câmera.

Dizem os condôminos: Precisamos defender nossas casas, nossos carros, nossas famílias. Até aí compreensível. O problema começa quando os condomínios passam a ser mentais. Quando a pessoa só quer viver e conviver com gente que pensa do mesmo jeito que ela.
Essa pessoa acaba erguendo muros imaginários, e ao mesmo tempo muito concretos, a modo de proteger seus pares do resto. No caso, o resto são os que não rezam na mesma cartilha, não frequentam o mesmo shopping, nem votam no mesmo candidato a prefeito.

Em brasileiro claro: todos os dias muros são erguidos entre escolarizados e analfabetos. Brancos e negros. Pobres e ricos. Mulheres e homens. Jovens e velhos. Professores e alunos. É como se cada um entrasse na sua gavetinha, fechasse o trinco, e jogasse a chave fora.

De dentro da gavetinha, o mundo entre iguais pode até ficar mais seguro, mas também vai sufocando contatos, novidades e oportunidades. Conversando, trabalhando, trocando só com os pares nos tornamos mais travados e nada criativos.

Fechados deixamos escapar a arte do diálogo – que pressupõe diferentes pontos de vista. No princípio da conversa as opiniões divergem, mas à medida que o diálogo avança se pode alcançar uma convergência. Não quer dizer que um ponto de vista ganhará, significa que os dois vão se transformar.

Que vantagem você e eu levamos em conhecer gente diferente? Muitas! Aprender o que ainda não sabemos, ensinar o que o outro ainda não sabe. Ouvir histórias ímpares e contar as nossas. Dar de cara com soluções que não encontraríamos no nós com nós.

Pode testar. Ao sair da gavetinha nos tornamos mais inspirados. Também desenvoltos, capazes de dialogar com o executivo da multinacional e com a copeira da pequena empresa. De um certo jeito, nos tornamos pessoas-ponte. Pessoas que conectam mundos.

 

 

Fonte: Yahoo

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