Desenho infantil é retirado do ar depois de ser criticado por racismo extremo

No vídeo, uma princesa se transforma em negra ao “perder sua beleza”

Da Revista Crescer

Animação de uma menina negra chorrando
Na animação infantil, Dina “perde sua beleza”, transformando-se em uma mulher negra. Vídeo saiu do ar (Foto: Reprodução/Twitter)

Parecia mais uma animação infantil, como tantas outras, disponíveis em plataformas de vídeo na internet. No entanto, conforme a história se desenvolve, é possível notar um conteúdo que tem sido apontado como extremamente racista por vários pais. Em Dina and the prince story (“A história de Dina e o principe”, em tradução livre), Dina, que é um anjo, se apaixona por um príncipe. No entanto, por ser um anjo, ela não consegue conversar com o príncipe. Ao notar que o príncipe estava triste, ela decide abrir mão de sua beleza e, em troca, ganha a habilidade de poder conversar com ele. Então, ela, que é branca com cabelos castanhos, se transforma em uma mulher negra, com cabelos cacheados. Depois da mudança, Dina fala para o príncipe: “Eu não podia mais suportar sua dor e agora sou feia”.

O vídeo, de 13 minutos, publicado no canal My Pingu TV, com mais de 700 mil inscritos no Youtube, teve mais de 400 mil visualizações até o dia 17 de julho. O material foi publicado há 6 dias. Depois de vários usuários denunciarem o conteúdo e reclamarem, o filme foi retirado do ar. “Isso é tão perturbardor! Imagine estar em 2019 e ainda tentar perpetuar o estereótipo de que mulheres negras ou com tons de pele mais escuros são feias e indesejáveis”, escreveu um internauta. “Este vídeo é extremamente racista e o fato de que um monte de crianças está assistindo isso faz meu sangue ferver”, postou outro, nos comentários.

Animaçã de uma menina branca com roupa de fada
O vídeo recebeu uma série de críticas dos internautas (Foto: Reprodução/Twitter)

O assunto também foi comentado no Twitter. “A supremacia branca é capaz de ensinar nossas crianças a se odiarem porque a anti-negritude é normalizada em todos os níveis da nossa sociedade racista”, escreveu um internauta.

Por e-mail, o Youtube diz que não comenta casos específicos e que, em linhas gerais, todo o conteúdo deve subir as diretrizes da comunidade, que afirma. “Nossos produtos são plataformas para a livre expressão. No entanto, não aceitamos conteúdo que promova ou apoie violência contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, religião, deficiência, gênero, idade, nacionalidade, status de veterano ou orientação sexual/identidade de gênero, ou cujo intuito principal seja incitar o ódio com base nessas características. Isso pode ser difícil de determinar, mas se o intuito principal for atacar um grupo protegido, significa que o conteúdo extrapola o limite”.

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