Grêmio se mobiliza para abolir o termo “macaco” dos cânticos de sua torcida

Após ofensas a jogadores negros no estádio e manifesto de torcedores, clube marca posição contra apelido racista que se enraizou na cultura de arquibancada gremista

Por BREILLER PIRES, do El País

Eduardo Cecconi / Globoesporte.com

A agressividade de torcedores colorados com uma mãe gremista acompanhada do filho nas arquibancadas do Beira-Rio roubou a cena no último clássico entre Internacional e Grêmio. Mas, antes de a bola rolar e de mais um episódio de violência no futebol brasileiro, o Grenal promoveu uma ação conjunta dos dois clubes rivais contra o racismo. Dentro de campo, o time visitante não conseguiu surpreender o Inter e ficou somente no empate. Fora dele, porém, deu o primeiro passo para banir dos estádios uma ofensa racista normalizada por sua torcida.

Por iniciativa da direção, o Grêmio reuniu torcedores e determinou a urgência de banir o termo “macaco”, apelido utilizado há várias décadas em referência a torcedores do Internacional, das letras de músicas na arquibancada. “Precisamos abolir essa palavra da convivência gremista”, explica Nestor Hein, diretor jurídico do tricolor. “O mundo mudou, a sociedade mudou. Somos um clube popular, aberto a todos, com muitas pessoas negras em nossa torcida. Não podemos aceitar que uma expressão tão depreciativa continue sendo empregada com naturalidade.”

Em maio, o atacante Yony González, do Fluminense, foi chamado de macaco na Arena do Grêmio. Colegas de time, como o lateral Igor Julião, denunciaram o vídeo com a injúria racial em redes sociais. O clube gaúcho se comprometeu a apurar o caso e tomar providências, mas não conseguiu identificar o agressor. Recebeu multa de 30.000 reais imposta pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e, em seguida, acabou absolvido após análise de recurso. O risco de mais uma punição pesada por causa do mau comportamento de torcedores contribuiu não só para que o Grêmio criasse um departamento específico para se relacionar com sua torcida, mas também para exercer uma postura menos tolerante com atitudes racistas.

 

Leia a matéria completa 

+ sobre o tema

É o racismo, estúpidos.

Por Edson Lopes Cardoso O repórter Bernardo Mello Franco, de "O Globo",...

O STF e as abordagens policiais racistas

O Supremo Tribunal Federal deverá retomar nesta quarta-feira (8) julgamento de...

Demba Ba parte para cima de adversário após suposta ofensa racista na China

Contratado pelo Shanghai Shenhua no mês passado, Demba Ba...

para lembrar

Por que nos EUA não tem batucada?

Não é curioso que os Estados Unidos não usem...

Ações Afirmativas no MP: sinalizações para o enfrentamento ao racismo estrutural?

O Plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP)...

UnB realiza concurso para professor com cota para negros

Pela primeira vez, a Universidade de Brasília abre concurso...

A Negação do Brasil – O negro nas telenovelas brasileiras

O documentário é uma viagem na história da telenovela...
spot_imgspot_img

‘Ainda estou aqui’ é legado de mães e pais para filhos

De Palm Springs, destino na Califórnia que trilhou no dia seguinte à consagração de Fernanda Torres no Globo de Ouro, para cumprir nova rodada de exibição...

Opinião – Thiago Amparo: Zuckerberg está errado

Se havia alguma dúvida sobre a posição política do CEO da Meta, agora não há mais. Como quem discursa em uma convenção ultraconservadora, o...

‘Buraco dentro do peito’: mães que perderam filhos em intervenções policiais relatam vida após luto e criam grupo para pedir justiça

Um grupo de Itu (SP) composto por aproximadamente 30 pessoas, sendo que ao menos 14 são mães que já perderam os filhos em situações envolvendo agentes...
-+=