Número de casos entre pessoas de 15 a 24 anos subiu de 7,9 para 10,2 a cada 100 mil habitantes. Nesta sexta (1º) é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
Do G1
avanço na contaminação de jovens e adolescentes por Aids preocupa autoridades de saúde em Campinas (SP). A taxa de detecção da doença entre indivíduos entre 15 e 24 anos subiu 29% em 10 anos, segundo dados do Programa Municipal IST/Aids. Para o médico infectologista e coordenador do programa, Josué Lima, parte do problema está relacionado a uma “geração sem medo”, que vê o tratamento como acessível e abandona o sexo seguro. Nesta sexta-feira (1º), Dia Mundial de Luta contra a Aids, estão programadas ações de conscientização e oferta de teste rápido no município. [Confira abaixo]
“As populações mais jovens não assistiram àquele momento mais dramático da Aids, nas décadas de 1980 e 1990, quando não havia tratamento adequado e a taxa de mortalidade era alta. Hoje, com o avanço dos medicamentos e o ganho de qualidade de vida dos infectados, muitos encaram a Aids como uma doença crônica, de fácil tratamento”, opina Lima.
Segundo o último balanço realizado pelo programa municipal, o número de jovens entre 15 e 24 anos infectados pela Aids em Campinas subiu de 7,9 para cada 100 mil habitantes em 1996, para 10,2 a cada 100 mil pessoas no ano passado.
O infectologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, Francisco Aoki, também alerta para o registro de novos casos nas populações mais jovens. “Ainda temos muitos casos de novas infecções. Principalmente as novas gerações imaginam que não há muita importância, que existe tratamento. Mas não é bem assim”, enfatiza.
Aoki destaca o avanço do programa de combate à Aids, implantado em todo Brasil há três décadas, com o desenvolvimento de medicamentos antirretrovirais, mas defende que a melhor estratégia continua sendo no campo preventivo.
“Os cidadãos não se conscientizam que a prevenção é a melhor coisa a se fazer.”
Centro de Referência
Campinas notificou 8.397 casos de Aids de 1982 a novembro de 2017, de acordo com o relatório do programa IST/Aids. Por ano, uma média de 290 novos casos são detectados nos serviços de saúde da cidade, que conta com um Centro de Referência na região central, cujo atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.
De acordo com Josué Lima, coordenador do Programa IST/Aids, são realizados de 600 a 700 exames por mês no Centro de Referência e, em média, 25 casos são positivos. Questionado sobre o avanço da doença e as novas detecções apesar das campanhas de conscientização, Lima foi realista:
“Claro que se todo mundo usasse preservativo em 100% das relações estava resolvido. Mas não é bem assim.”
‘Prevenção combinada’
Lima destaca que o método de prevença clássica, com distribuição de material informativo e camisinha, está sendo substituído pela chamada “prevenção combinada”. “É um conceito de que para cada indivíduo há uma ou mais formas de se prevenir a doença”, explica.
Uma das ações consideradas como preventivas é a PEP (Profilaxia Pós-Exposição). “Se alguém teve uma relação sem camisinha com alguém que pode ser portador de HIV, o ideal é recorrer ao tratamento o quanto antes. No máximo em 72 horas. Passou disso, não adianta”, conta.
Segundo o infectologista, a PEP nada mais é que administrar medicamentos antirretrovirais a quem possa ter risco de contágio. “Diminui as chances de contaminação em mais de 90%”, destaca.
O tratamento, no entanto, não é simples. “É preciso tomar o medicamento por 28 dias, e quanto mais rápido procurar o tratamento, melhor. Como é complicado a logística para distribuição disso nos centros de saúde, o Centro de Referência tem esse medicamento dentro do seu horário de atendimento. Nos finais de semana e feriado, a recomendação é procurar o Hospital Mário Gatti”, conta Lima.
O coordenador do programa IST/Aids conta que o Centro de Referência já fez 600 atendimentos de PEP neste ano em Campinas. “Nós temos todo um protocolo, existe a conversa e a orientação. O ideal é que o tratamento comece nas duas primeiras horas, mas pode ser feito até 72 horas. Se a pessoa procurar ajuda 73 horas depois da relação, nem receberá o medicamento”, reforça.
Josué Lima informa ainda que existe a expectativa de o Brasil adotar a PREP (Profilaxia Pré Exposição). “Se o indivíduo se expõe ao risco sempre e não vai mudar o seu comportamento, essa pode ser uma estratégia para evitar a infecção. A pessoa tomaria o medicamento continuamente, para evitar o contágio”, completa.
Ação na Praça José Bonifácio, em frente a Catedral Metropolitana de Campinas, terá testes rápidos de HIV das 8h às 17h (Foto: Luciano Calafiori/G1)
Ações de conscientização
Nesta sexta (1) equipes do Programa Municipal de IST, HIV/Aids e Hepatites Virais farão um trabalho de orientação e distribuição de preservativos (masculinos e femininos) na Praça Rui Barbosa, ao lado da Rua Treze de Maio, no Centro, das 10h às 16h. Haverá testes para a detecção de doenças transmissíveis como a Aids.
Na Praça José Bonifácio, em frente a Catedral Metropolitana, haverá testes rápidos de HIV, por fluido oral, das 8h às 17h, feitos pela Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Terra das Andorinhas. O procedimento com consulta, exame e resultado leva cerca de 30 minutos.
De acordo com a Prefeitura, todos os banheiros de cincos terminais de ônibus municipais (Central, Campo Grande, Ouro Verde, Barão Geraldo e Padre Anchieta) terão distribuição de preservativos nesta sexta (1º).
Já o Centro de Referência IST/Aids, na Rua Regente Feijó, 637, no Centro, oferecerá terá testes rápidos para HIV, sífilis, hepatites B e C , das 9h às 17h, e distribuição de preservativos masculinos e femininos.
Serviço
-
- Centro de Referência IST/Aids de Campinas
- Endereço: Rua Regente Feijó, 637, Centro
Horário de atendimento: 7h às 19h, de segunda à sexta-feira