Diretor do Lulea teria chamado jogador adversário de ‘negro porco’. Jornalista responsável pela denúncia sofre ameaças de morte
Atitudes racistas contra atletas na Europa, como as ocorridas com os laterais brasileiros Marcelo e Roberto Carlos nas duas últimas semanas, não partem apenas de torcedores e nem são exclusividade do futebol. Na Suécia, o diretor de uma das maiores equipes de hóquei no gelo do país foi denunciado à polícia por ofensas a um jogador adversário. Lars Bergström, dirigente do Lulea, teria chamado Yared Hagos, do Skelleftea, de “negro porco” e gritado outras palavras racistas para o jogador durante uma partida pelas semifinais da liga local, na semana passada.
Bergström, que fez fama como treinador no esporte que divide com o futebol a preferência dos suecos, nega as acusações.
– Jamais me manifestei de forma racista e, de forma alguma, apoio manifestações do tipo. Não tenho mais nada a falar sobre o assunto.
Filho de imigrantes etíopes, Yared Hagos é apenas um dos três atletas negros na Elitserien, a Primeira Divisão sueca, composta por 12 clubes. O jogador, de 27 anos, diz estar concentrado nos playoffs contra o Lulea e prefere não comentar o ocorrido.
– Eu não presto atenção no que acontece do lado de fora, não ligo para isso – afirmou, em entrevista a um canal de TV local.
As denúncias contra Lars Bergström partiram de torcedores adversários sentados próximos ao dirigente durante o primeiro jogo da melhor de sete entre Lulea e Skelleftea. A Hockeyligan, entidade que comanda a Elitserien, abriu investigação sobre o caso. Nesta terça-feira, a polícia de Skelleftea anunciou que recebeu queixa contra Bergström por “perseguição contra grupo étnico”.
Os torcedores do Lulea saíram em defesa do dirigente e alguns escolheram como alvo o jornalista que primeiro escreveu sobre o ocorrido. Jonas Fahlman, do jornal Västerbottens Folkblad, foi atacado com garrafas e moedas na Coop Arena, casa do Lulea, quando chegou para cobrir a quarta partida das semifinais, no domingo. Fahlman diz ainda ter recebido ameaças de morte por e-mail, telefone e até torpedo. O jornalista prestou queixa à polícia e disse que irá pedir licença do trabalho.
– Isso já foi longe demais. Foram os piores dias da minha vida. Acredito que a polícia saberá cuidar tanto das ofensas racistas quanto do meu caso. Mas eu preciso de um tempo. Não dá para trabalhar do jeito que as coisas se encontram neste momento – afirmou.
Fonte: Globo Esporte